Há relativamente pouco tempo o
mundo mostrou-se chocado com a notícia de uma adolescente que se suicidara na
sequência de um crime de bullying. O
agressor usou uma fotografia da adolescente seminua para a chantagear, acabando
por divulgar a imagem junto de colegas e amigos da jovem. Na altura voltou a falar-se
da importância de criar medidas sólidas para lidar com esta nova forma de
violência, o cyberbullying. Aquilo de
que não se falou foi de um fenómeno paralelo e que está em franca ascensão
entre os adolescentes (e não só) – o sexting.
E o que é o SEXTING?
É a troca de
mensagens escritas e/ou imagens com conteúdo sexual.
Em Portugal não são conhecidos
dados estatísticos mas nos EUA 4% dos
adolescentes assume que já enviou imagens ou vídeos do próprio corpo nu ou
seminu através do telemóvel. E o número sobe para 15% quando se trata de
adolescentes que assumam já ter recebido este tipo de conteúdo de alguém do
grupo de pares. Aqui, tal como no resto do mundo, quase todos os adolescentes
têm um telemóvel com um tarifário que lhes permita trocar mensagens gratuitas
com os amigos. Mas estarão os pais seguros acerca do conteúdo partilhado? E os
adolescentes – estarão conscientes dos riscos que correm quando recorrem ao sexting? Um estudo conduzido nos Estados
Unidos revela que a maior parte dos
jovens acredita que este é um fenómeno que pode ser mais arriscado para os
outros do que para os próprios.
A esmagadora maioria dos
adolescentes reconhece que a possibilidade de uma fotografia ou um vídeo com
conteúdo sexualmente explícito irem parar à Internet através das redes sociais
é potencialmente devastadora mas minimiza os riscos associados à troca de
mensagens deste tipo entre duas pessoas. Como se as duas coisas não estivessem
ligadas.
O que a investigação mostra é
que, tal como acontece com outros comportamentos de risco, uma significativa
percentagem dos adolescentes conhece os perigos mas acredita que a exposição
maior só acontece “aos outros”, prevalecendo ideias irracionais como “Eles são
uns totós…Eu sei com quem posso partilhar estas coisas”.
A verdade é que o sexting traz novos desafios com
profundas implicações sociais para os adolescentes, já que este tipo de
partilha pode de facto traduzir-se num tipo de exposição para o qual a maior
parte dos jovens não está preparada. Mais do que traçar limites sobre o que é
ou não é socialmente adequado, importa que possamos refletir sobre estratégias
que promovam o desenvolvimento de competências sociais entre os adolescentes.
Para que, na hora H, estes saibam fazer escolhas emocionalmente inteligentes,
que não ignorem um facto importante:
Qualquer mensagem de sexting pode deixar de estar confinada
a duas pessoas
romanticamente envolvidas, o que implica que,
quem envia este tipo
de conteúdo, esteja vulnerável
a que esse conteúdo
acabe nas mãos de um predador,
gerando danos psicológicos prolongados.