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13.11.13

FALAR MAL DO MARIDO OU DA MULHER


Você sabe que a pessoa com quem casou não é perfeita. Você sabia disso quando casou. Conhecia os seus defeitos, as suas imperfeições, os comportamentos que mais facilmente mexeriam consigo. Mas fez uma escolha: escolheu casar com esta pessoa apesar das suas imperfeições. Afinal, você também está muito longe da perfeição e espera que a pessoa que está ao seu lado consiga tolerar as suas falhas até que a morte os separe. Quer isso dizer que você está proibido de falar mal do seu cônjuge, de se queixar a propósito dos defeitos dele/a ou até de desabafar – alto e em bom som – com um familiar ou um amigo?

CLARO QUE NÃO!



E quanto mais longa e feliz for uma relação, maior é a probabilidade de os membros do casal serem capazes de apontar com detalhe os respetivos erros. As pessoas que se sentem mais satisfeitas com a sua relação não se sentem SEMPRE satisfeitas. Às vezes irritam-se, desgastam-se, queixam-se, desabafam. Chegam ao ponto de criticar o cônjuge, de falar mal dele/a. Não o fazem a todo o momento e, seguramente, não o fazem com desprezo. Mas há momentos em que a profunda admiração que uma pessoa possa sentir pelo parceiro é acompanhada de um desabafo mais crítico.

Há dias uma senhora queixava-se do facto de ter ouvido, sem querer, uma conversa do marido com um colega. Depois de ela lhe ter ligado a propósito de uma série de dúvidas relacionadas com uma aplicação informática, ouviu o marido desabafar “Que atada do caraças!”. E não gostou, claro. Mas este foi um episódio pontual, que de forma alguma beliscou a relação porque estamos a falar de um casal que expressa com vigor e regularidade a admiração e o carinho que os une.

Um cenário completamente diferente é o que enquadra o episódio que agora descrevo: numa consulta de terapia de casal o marido resmungava a propósito de uma publicação no mural de Facebook da mulher. Ela tinha escrito qualquer coisa como “Se o meu marido se levantasse de vez em quando para cuidar da nossa filha, eu não andaria tão ensonada”. Sendo uma crítica partilhada com toda a rede de amigos no Facebook, este é um ataque pessoal que não só feriria a autoestima de qualquer um como evidencia uma das maiores fragilidades que uma relação pode ter: o desprezo pelo cônjuge.

É fundamental que qualquer pessoa que valorize a sua relação amorosa (casamento/ união de facto/ namoro) reconheça que há limites para as manifestações públicas de desagrado. Uma coisa é assumir que qualquer pessoa pode ter momentos em que “salta a tampa”; outra, bem diferente, é ignorar os riscos que decorrem da crítica e do desprezo regulares.



É verdade que há momentos em que os erros da pessoa de quem gostamos são mais sérios, mais aflitivos ou mais stressantes. E também é verdade que há momentos em que nos sentimos menos capazes de condescender, de valorizar aquilo que ele/a tem de bom. Mas isso não pode equivaler a permitir que a frustração ou o desagrado se transformem em rotinas de hipercrítica e desprezo. Na medida em que uma pessoa se aperceba de que pode estar a ser hipercrítica com o respetivo parceiro, é melhor parar para refletir sobre todas as qualidades do cônjuge. Treinar o pensamento positivo é meio caminho para que sejamos capazes de expressar na dose certa o carinho e a admiração que sentimos pela pessoa que escolhemos. 
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