O segredo do sucesso no casamento é manter a chama acesa através de
gestos românticos, como oferecer flores ou outros mimos.
O segredo do sucesso no casamento é fazer uma gestão financeira
equilibrada.
O segredo do sucesso no casamento é aprender a nunca ir dormir com
uma zanga por resolver.
Se eu fosse anotar todos os “segredos”
que estão por detrás de uma relação bem-sucedida, isto é, tudo aquilo que oiço
e leio a propósito do tema, provavelmente não teria espaço para todas as
recomendações. Cada entrevista a uma figura pública inclui uma receitinha para
que as relações amorosas deem certo. Até a casais que estão juntos há meia
dúzia de meses já vi ser colocada a questão. E toda a gente se sente no direito
de opinar a este respeito, independentemente do número de insucessos que traga
na bagagem.
Aquilo que me interessa partilhar
tem menos a ver com a especificidade de cada casal e tem mais a ver com os
resultados de pesquisas científicas sobre o tema. Tenho-me esforçado por
partilhar aqui alguns dos pilares que, de acordo com as mais recentes
investigações realizadas no âmbito da terapia de casal, sustentam os casamentos
felizes.
Um desses pilares – que pode ser
considerado um SEGREDO fundamental para que um casamento dê certo – diz respeito
à capacidade para valorizar AS PEQUENAS COISAS. Refiro-me especificamente à
capacidade de cada um dos membros do casal de se voltar para dentro da sua
relação, alimentando-a, em vez de ignorar os (pequenos mas tão significativos)
apelos do cônjuge.
Uma viagem a dois pode ser
revigorante para um casal. Pode até abrir espaço para a ocorrência de momentos
românticos que são praticamente impossíveis de implementar no resto do tempo.
Mas a verdade é que eu conheço muitos casais que resolveram pedir ajuda
precisamente depois de perceberem que nenhuma
viagem a dois operaria milagres num casamento moribundo.
Por outro lado, e voltando à
lista que encabeça este texto, se é verdade que a ideia de fazer as pazes antes
da hora de deitar me parece um ritual interessante, eu também tenho de ser
honesta e referir que há casais muito felizes e emocionalmente inteligentes que
nem sempre o conseguem.
Quando me refiro à importância de
dar atenção aos apelos do cônjuge refiro-me a sermos capazes de tirar os olhos do iphone
quando a pessoa com quem estamos casados nos pergunta onde preferimos jantar.
Reconhecer quão importante é esse contacto visual, esse gesto de “olhar para
dentro” da relação, é bem mais significativo do que se possa julgar.
Quando, no meio do supermercado,
o marido olha para os pacotes de gelatina e pergunta “Podias fazer uma taça de
gelatina de morango mais logo?”, a resposta da mulher pode variar entre um
encolher de ombros que diz “Tanto faz” e que não é mais do que ignorar o apelo
e algo como “Lembras-te de como no início do nosso namoro comíamos quantidades
industriais de gelatina?” (voltando-se para dentro, respondendo ao apelo).
Ninguém consegue responder a cem
por cento dos apelos do cônjuge. NINGUÉM.
Mas um dos ingredientes das relações felizes e duradouras é o rácio entre as
vezes em que os apelos são acolhidos e aquelas em que estes são ignorados. Há
uma segurança emocional e uma motivação incomparável que resultam de sermos capazes
de nos voltarmos para dentro muito mais
vezes do que aquelas em que agimos com indiferença.
Assim, da próxima vez que o seu
cônjuge lhe disser alguma coisa aparentemente sem importância, esteja mais
atento e procure reagir com carinho. O esforço valer-lhe-á mais do que um
cruzeiro pelo pacífico.