Se o seu casamento é daqueles que o deixa permanentemente num estado de nervos tal que parece que o coração vai saltar do peito, tome cuidado: ainda tem um ataque cardíaco! Não, não estou a brincar consigo. As pesquisas realizadas no âmbito da satisfação conjugal são claras: quanto mais felizes somos no casamento, mais saudáveis tendemos a ser – quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista mental. E se é verdade que, tal como aqui tenho referido, as discussões fazem parte de um relacionamento “normal”, também é certo que um dia-a-dia marcado por tensão permanente, zangas, gritos e acusações pode ser extremamente danoso para a saúde. Porquê? Porque quando gritamos exaltados o nosso corpo é forçado a uma ativação fisiológica que eleva a frequência cardíaca para mais de 100 batimentos por minuto e produz a secreção de hormonas do stress, como a adrenalina e o cortisol. Há mais: os estudos mostram que as pessoas mais infelizes no casamento estão mais vulneráveis a gripes, constipações e doenças cardiovasculares e tendem a viver, em média, menos 4 anos. O que acontece é que a tensão conjugal prolongada coloca o corpo num estado de emergência permanente e isso é muito pouco saudável. Mas há (muito) boas notícias para as pessoas casadas: uma relação saudável é ótima para a saúde. É entre as pessoas mais satisfeitas com o seu casamento que encontramos menor prevalência de pneumonias, ataques cardíacos e até cancro.
E o que é que define um “casamento
feliz”? As investigações nesta área permitem-nos identificar três áreas-chave:
AMIZADE. Os casais mais felizes veem-se a si mesmos como os
melhores amigos. Mostram diariamente interesse genuíno pelo dia a dia de cada
um, colocando perguntas como “Então, gostaste do chefe novo?” ou “Como é que
foi o teu dia?”. Sabem divertir-se juntos e fazem esforços para que os momentos
a dois continuem a existir. Mas não é só: tendem a ser capazes, enquanto casal,
de construir amizades sólidas, que são alimentadas ao longo do anos e que
ajudam a criar interações positivas numa base regular.
GESTÃO DOS CONFLITOS. Ser mais feliz no casamento equivale a ser
capaz de gerir os conflitos de forma suficientemente suave, impedindo que cada
briga se transforme numa escalada de agressividade. Os membros do casal tendem
a controlar-se em vez de assumirem uma postura explosiva, de ataque à
personalidade do outro. Num casamento feliz não há desprezo, humilhação nem
sarcasmo.
PROJETO A DOIS. Há uma probabilidade muito mais elevada de duas
pessoas se sentirem felizes no casamento quando são capazes de construir juntas
um rumo, um projeto de vida. E isso também passa por serem capazes de se ajudar
mutuamente na concretização de sonhos individuais.
Então, e COMO É QUE ISTO SE FAZ? – pergunta você.
Em primeiro lugar, é fundamental
que se compreenda que um casamento onde haja discussões NÃO É um casamento condenado ao fracasso. O que importa é que as
duas pessoas APRENDAM A DISCUTIR. Isso passa pelo autocontrolo, pela tentativa
contínua de expressar o próprio desagrado sem atacar, sem humilhar, sem
desrespeitar.
Depois, cada um deve interiorizar
que a satisfação conjugal passa mais pelas pequeninas coisas: por ser capaz de
mostrar interesse GENUÍNO acerca do que o outro diz, por mostrar carinho
através de palavras e ações num RITMO DIÁRIO, e por dar a devida atenção e o
apoio merecido quando o outro evidencia stress, tristeza ou preocupação. É esse
investimento que traz a sensação de pertença e de cumplicidade. Dar colo, estar
“lá”, cuidar, mimar.
Há casais que estão tão presos a
maus hábitos de comunicação que dificilmente conseguem romper os ciclos
viciosos. Quando dão por si, estão novamente a discutir (por norma por assuntos
pouco importantes), como se as discussões tivessem vida própria e tudo fugisse ao
seu controlo. Nesses casos, mais do que tentarem mudar tudo sozinhos, vale a
pena parar para, através de um olhar mais minucioso como aquele que a terapia
de casal oferece, serem capazes de criar uma dinâmica diferente.