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18.12.13

É AMOR OU É OBSESSÃO?


Não vou mentir. São mais as mulheres do que os homens que caem neste padrão relacional. São muito mais vezes elas que se anulam, que são desrespeitadas, humilhadas, rebaixadas, que são o alvo de episódios de clara violência emocional. A determinada altura, a autoestima está tão fragilizada que já não são capazes de interromper a escalada. Não são capazes de pôr um fim à relação. E o motivo que alegam é sempre o mesmo: porque não são capazes de viver sem aquela pessoa. A pessoa que faz sofrer, que erra repetidamente, que abusa.

Não costumo perguntar-lhes se aquilo é amor. Na maior parte das vezes ouço-as dizer “Já não sei se isto é amor… ou se é obsessão”. Ouço-as reclamar. A propósito do caos em que as suas vidas se transformaram. A propósito da confusão em que tantas vezes os familiares e amigos também se veem envolvidos. Ou a propósito das mal sucedidas tentativas de interromper a relação.

O primeiro passo para romper com o ciclo de negatividade é dado aquando do pedido de ajuda, da marcação da primeira consulta. Mas isso está (muito) longe de equivaler à aceitação de que é preciso dizer basta e escolher um caminho diferente. Às vezes é preciso muito tempo – e muitas horas de terapia – para que a pessoa se aperceba de que é possível fazer escolhas diferentes e as faça, de facto. É preciso enfrentar os medos, reconstruir a autoestima e ganhar coragem.

É preciso identificar tudo o que NÃO é amor:

  • Há demasiado drama na relação. A pessoa passa mais tempo tensa ou a chorar do que em paz.
  • Há uma tentativa sistemática de agradar o parceiro ao ponto de a pessoa se anular.
  • No final de uma discussão, por mais violenta que seja, a pessoa só pensa em ficar bem com o parceiro – mesmo que este a tenha magoado profundamente. Ele pode ter mentido, pode ter sido infiel. É sistematicamente perdoado.
  • Há medo de seguir em frente sem o parceiro, ainda que a pessoa se sinta tantas vezes só. Não percebe que “aquilo” está a destruir-lhe a autoestima.
  • O parceiro ultrapassa (várias vezes) os limites do aceitável. Pode ser fisicamente violento, pode ameaçar, pode ofender.
  • Há uma tentativa de “salvar” o companheiro, de o apoiar, curando-o das suas próprias feridas emocionais, dos seus traumas.

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