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3.2.14

JÁ ALIMENTOU O SEU AMOR HOJE?


Há pessoas que se comportam como se fossem viver para sempre. Adiam permanentemente aquilo que podem (devem!) dar numa relação, ignorando - às vezes de forma grosseira - as necessidades afetivas da pessoa amada. Como é que uma pessoa pode sentir-se amada se se passarem meses sem que receba um gesto de genuíno interesse romântico? E não, um beijo de fugida no final de um dia de trabalho não chega a ser um gesto romântico.



A questão é que a pessoa "amada" pode - no meio de queixas mais ou menos claras, resmunguices e amuos - permitir que o tempo passe e transmitir a ideia de que a relação está de pedra e cal.


"Vai-se andando".


A pessoa que não dá aquilo que deveria dar refugia-se nas 400 coisas que tem para fazer. Afinal, entre a azáfama do trabalho, dos banhos às crianças, das contas para pagar, do jantar para fazer, não há tempo para mariquices. Não há tempo (vontade?) para beijos demorados, abraços calorosos ou festinhas só porque sim. E quando o cônjuge - esse grande chato - insiste em mostrar-se carente ou se cola como uma lapa a perguntar se é hoje que voltarão a fazer amor, leva com um empurrão. "Não vês que tenho tanto para fazer? Como é que podes estar a pressionar-me? Larga-me da mão".


E o tempo passa. A pessoa que "ama" vive convencida que é eterna, que a sua relação é eterna e que se alimenta do ar. Afinal, ouve dizer que todas as relações têm altos e baixos, que há períodos de maior proximidade e de maior afastamento e auto-ilude-se. Um dia a pessoa-que-não-é-amada diz "basta", "quero mais", "já não dá" e a outra percebe que não tem amado na medida certa. Aquilo que a pessoa ouve é "assim não dá, temos de fazer diferente para que a relação resulte". Mas às vezes o que o outro diz é " não dá, não vai dar". E a pessoa não aceita. Não é possível. Isto é uma fase. Tem de ser uma fase. "Não vês como te amo?"

Para quem passa tanto tempo sem se sentir amado os esforços que entretanto surgem podem vir fora de tempo. Frequentemente vêm tão fora de tempo que até já surgiu espaço para outra pessoa.

Viver como se a pessoa amada pudesse estar lá para sempre, resistente ao vazio afetivo, às "negas" constantes, à inexistência de gestos que comprovem o amor romântico é demasiado arriscado.

Já deu um beijo de 5 segundos hoje? Já fez uma carícia à pessoa amada? Não me diga que não tem tempo.

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