Encontro-as por todo o lado. Dentro e fora do consultório. Dizem-me que são pessoas sensíveis. Autointitulam-se de sensíveis. Porquê? Porque estão constantemente a desiludir-se. Porque o mundo não as merece. Porque sofrem como ninguém com as injustiças a que vão assistindo. Porque reagem de forma animalesca às ditas injustiças. Porque dão tudo nas relações de amizade e acabam SEMPRE magoadas. Porque o padrão se repete nas relações amorosas. E ignoram aquilo que, para mim, está relativamente claro:
elas
não são SENSÍVEIS,
são
REATIVAS.
É que uma pessoa sensível NÃO é aquela
que se desilude constantemente. Pelo contrário! Uma pessoa sensível está suficientemente
atenta ao comportamento dos outros ao ponto de não investir numa relação que
não valha a pena. Uma pessoa sensível
resguarda-se, não é amiga de toda a gente precisamente porque sabe que deve
ser seletiva. Uma pessoa sensível reconhece que há muitos trastes no mundo mas
não vive obcecada em encontrá-los nem gere a sua vida em função deles. Trata-os
quase sempre com a indiferença que merecem.
Uma pessoa sensível NÃO age de forma
agressiva, animalesca, às injustiças, aos maus comportamentos dos outros. Isso é o que fazem as pessoas reativas.
Aquelas que agem muitas vezes de forma impulsiva – porque não pensam antes de
responder. Reagem, apenas. Tal como as crianças. E é por isso que, mesmo que se
autointitulem de sensíveis, o seu comportamento é muitas vezes rotulado de
infantil.
Uma pessoa sensível NÃO é uma pessoa
birrenta. Não vai abaixo a cada crítica, a cada chamada de atenção. Não fica
deprimida porque o chefe não valorizou os seus esforços ou porque um “amigo”
não esteve à altura das suas necessidades. Uma pessoa sensível possui um autoconhecimento
elevado. Conhece as suas limitações e os
seus defeitos. E procura trabalhá-los. Reconhece que não tem sempre razão e
deixa-se influenciar por aqueles a quem reconhece mais experiência, mais valor
ou pura e simplesmente… mais sensibilidade.
Uma pessoa sensível não propagandeia a
sua sensibilidade apurada. Não diz “sou muito sensível”. Usa, com
responsabilidade, essa competência. Mantendo-se atenta. Pensando antes de agir.
Fazendo escolhas que vão muito além das aparências.