Chegou ao meu consultório e queixou-se “Eu não sei se gosto do meu namorado…”. Mas, lá no fundo, ela sabia.
O marido de uma amiga disse-lhe: “Não sei se sou capaz de enfrentar o meu
chefe”. Mas ele sabe.
Sentia-se inquieta, nervosa, antes de
do encontro marcado com a amiga que não via há mais de 5 anos. E pensou “Não sei por que estou assim”. Mas
sabia.
Nem sempre é fácil tomar decisões,
fazer escolhas. Mas é infinitamente mais fácil quando estamos atentos aos
sinais que o nosso corpo emite, àquilo que sentimos em cada situação. Porque as
respostas a perguntas como “O que é que eu devo fazer?” estão quase sempre
dentro de nós. É claro que nem todas as pessoas possuem um autoconhecimento
suficientemente elevado ao ponto de saberem exatamente aquilo que é mais
ajustado num dado momento. Nem todos tiveram o privilégio de serem educados de
forma a olhar com atenção para as próprias emoções e isso requer treino. Mas é
possível recuperar o tempo perdido. E qualquer altura é uma boa altura para implementar
mudanças que contribuam para o crescimento pessoal. Para a inteligência
emocional.
Um dos exercícios que proponho com
regularidade, quer em terapia individual, quer em terapia familiar, implica a
monitorização diária das próprias emoções. Pelo menos, das mais relevantes. E é
curioso como tudo pode mudar quando estamos mais atentos àquilo que sentimos. Quando damos um nome a esses
estados emocionais. E quando os associamos a acontecimentos específicos. Essa
tomada de consciência é uma espécie de caixa de ferramentas que podemos
utilizar no sentido de aprendermos a fazer as tais escolhas difíceis. E quanto
mais treinamos, mais aprendemos sobre nós mesmos, sobre as nossas
vulnerabilidades, os nossos limites e o nosso potencial. E, então, as escolhas
difíceis tornam-se mais claras. Não necessariamente mais fáceis. Mas mais
claras.
Passamos a escolher em função da
felicidade e do bem-estar. Escolhemos aquilo que, sabemos, vai contribuir para
que sejamos mais felizes. Mesmo que,
no imediato, nos faça sofrer. Ou implique o sofrimento de outros. Porque, no
fundo, nós sabemos sempre se gostamos ou não da pessoa que está ao nosso lado.
Nós sabemos exatamente o que é que somos capazes de enfrentar em nome do que
nos faz felizes. Nós sabemos que há pessoas que (já) não merecem o nosso
esforço. Nós sabemos. Sempre.