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12.3.14

A GALINHA DA VIZINHA…


Não me diga que você é daqueles que acha que os outros têm SEMPRE empregos melhores, recebem ordenados melhores, vivem em casas melhores, passam férias em sítios melhores, têm filhos melhores e aproveitam a vida de forma bem melhor. Ou, pior do que isso, há UMA pessoa em particular que você diz que admira mas que, lá no fundo, inveja precisamente porque ele/a tem a vida perfeita, a família perfeita e os amigos perfeitos. Se é capaz de assumir para si mesmo que passa a vida centrado no sucesso alheio, então é provável que não leve muito tempo a perceber aquilo que tenho para lhe dizer: essa sua "admiração" é desgastante, dolorosa e bloqueadora do seu próprio sucesso. O mais provável é que, apesar de todos os seus esforços para imitar algumas das escolhas da(s) pessoa(s) que você admira, a infelicidade seja uma constante na sua vida. Você dá o seu melhor para fazer como eles, passa muito tempo a reproduzir as suas escolhas e, no final, as coisas dão para o torto. E você não percebe o porquê. Limita-se a lamentar a sua sorte, a maldizer a sorte alheia e, quando dá por si, a inveja está a corroê-lo.

É absolutamente normal que tenhamos um ou mais pontos de comparação. E também é normal (e saudável) que haja uma ou outra personalidade que admiremos. Eu até posso considerar aceitável que você tenha um ídolo, uma referência, alguém que você admire e cujos passos procure seguir com atenção.

Maaaaaaaaas
LIMITES.

Na verdade, tem de haver limites, sob pena de a comparação deixar de ser saudável. É isso que acontece quando você olha para a vida de alguém de um determinado ponto de vista - centra-se no respetivo “sucesso” e é incapaz de ver além disso. É óbvio que há pessoas mais afortunadas do que outras mas, de um modo geral, a sorte dá muito trabalho e, por detrás do sucesso desta ou daquela figura pública, de um amigo ou de um familiar, está quase sempre um conjunto de esforços e muita coisa de que aquela pessoa teve de abdicar. Quando você olha de forma quase obsessiva para os resultados obtidos por outra pessoa (ou para a aparente felicidade demonstrada), está a ignorar alguns factos importantes:

O sucesso dá MUITO trabalho. A pessoa que você admira pode escolher mostrar – no Facebook, no dia-a-dia ou numa conversa consigo – o lado bom da vida. É um direito que lhe assiste. Mas isso não significa que aquele “sucesso” seja fruto do acaso. De um modo geral, é preciso suar para poder brilhar.

Ninguém tem uma vida perfeita. Já ouviu dizer que há uma diferença substancial entre uma história contada e uma história vivida? Lá porque as suas figuras de referência não andam a escancarar as suas amarguras isso não quer dizer que não as tenham. Quando você se fixa naquilo que o seu ângulo de visão lhe permite observar, esquece-se que há uma coisa chamada INTIMIDADE. Todas as pessoas têm imperfeições, momentos de tristeza e de frustração. Quando você ignora este facto e permite que as comparações tomem conta de si, afunda-se num pessimismo que tem tanto de bloqueador como de irrealista.


Cada um é livre de construir os próprios sonhos. Você até pode continuar a imitar as pessoas que admira. Mas se os resultados têm ficado muito aquém das suas expetativas, tem a obrigação de parar para pensar naquilo que anda a fazer. É que quando você centra a sua atenção no sucesso dos outros arrisca-se a correr atrás de sonhos que não são os seus. E isso é meio caminho para que se sinta miserável. O brilho nos olhos da pessoa que você admira pode ser glamoroso e sedutor mas, além de envolver muito trabalho, está muito provavelmente associado ao facto de aquela pessoa estar a cumprir os seus próprios sonhos. Viver uma vida de imitação não lhe trará nem sucesso nem satisfação.

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