Algumas mulheres vivem uma dualidade estranha – são profissionais bem-sucedidas, independentes financeiramente e com uma mão cheia de amigos verdadeiros mas não conseguem ser felizes no amor. Não, não estou a falar de mulheres solteiras que ainda não encontraram a respetiva cara-metade. Falo de mulheres que estão numa relação infeliz e que aparentemente não conseguem libertar-se. São extremamente frágeis do ponto de vista emocional e, em função dessa fragilidade, sujeitam-se àquilo a que a generalidade das pessoas já não atura.
Há quase sempre alguma coisa no seu
passado afetivo que as marcou de tal forma que é como se no amor continuassem a ser crianças e não as adultas
responsáveis que todos esperavam que fossem. Claro que essas marcas não estão
ao nível da consciência. Elas só são reconhecidas quando, vencidas pelo
cansaço, estas mulheres optam por pedir ajuda. É então no ambiente seguro da
terapia que identificam a origem do problema e tentam, finalmente, virar a
página.
Mas
o que é que, na prática, caracteriza estas mulheres?
Não conseguem mostrar a sua verdadeira
personalidade. Vivem relações doentias, muitas vezes marcadas pelo controlo
excessivo do parceiro e anulam-se. Deixam de sair porque “ele não gosta”.
Aceitam desculpas esfarrapadas e engolem os maiores sapos do mundo. Porquê?
Porque amam aquela pessoa “de forma incondicional”. E esquecem-se de alimentar
o amor mais importante de todos: o amor-próprio. Dizem muuuuuitas vezes “mas eu
gosto dele…”, como se isso pudesse
justificar as suas escolhas. Vão colocando os seus próprios interesses em
segundo plano. Vão fazendo cedências que, gradualmente, se transformam numa
total anulação da personalidade e, quando dão por si, estão a aceitar aquilo
que deveria ser inaceitável (infidelidade, falta de respeito). Involuntariamente vão criando condições
cada vez mais favoráveis para que o cafajeste de serviço possa ser ainda mais
cafajeste. De repente, os momentos maus são muito superiores aos momentos
bons. Mas isso não as impede de continuar a investir. De continuar a amar
incondicionalmente.
Nenhum amor romântico deveria ser
incondicional. O amor incondicional é lindo – na teoria. Na prática, se a outra
pessoa comete erros graves ou pura e simplesmente não é capaz de nos fazer
felizes, HÁ QUE PARAR. Parar para pensar. Parar para reavaliar. E, sobretudo,
parar para que se possa continuar a amar e ser-se amada na medida certa.