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11.3.14

MULHERES MAL-AMADAS


Algumas mulheres vivem uma dualidade estranha – são profissionais bem-sucedidas, independentes financeiramente e com uma mão cheia de amigos verdadeiros mas não conseguem ser felizes no amor. Não, não estou a falar de mulheres solteiras que ainda não encontraram a respetiva cara-metade. Falo de mulheres que estão numa relação infeliz e que aparentemente não conseguem libertar-se. São extremamente frágeis do ponto de vista emocional e, em função dessa fragilidade, sujeitam-se àquilo a que a generalidade das pessoas já não atura.

Há quase sempre alguma coisa no seu passado afetivo que as marcou de tal forma que é como se no amor continuassem a ser crianças e não as adultas responsáveis que todos esperavam que fossem. Claro que essas marcas não estão ao nível da consciência. Elas só são reconhecidas quando, vencidas pelo cansaço, estas mulheres optam por pedir ajuda. É então no ambiente seguro da terapia que identificam a origem do problema e tentam, finalmente, virar a página.

Mas o que é que, na prática, caracteriza estas mulheres?

Não conseguem mostrar a sua verdadeira personalidade. Vivem relações doentias, muitas vezes marcadas pelo controlo excessivo do parceiro e anulam-se. Deixam de sair porque “ele não gosta”. Aceitam desculpas esfarrapadas e engolem os maiores sapos do mundo. Porquê? Porque amam aquela pessoa “de forma incondicional”. E esquecem-se de alimentar o amor mais importante de todos: o amor-próprio. Dizem muuuuuitas vezes “mas eu gosto dele…”,  como se isso pudesse justificar as suas escolhas. Vão colocando os seus próprios interesses em segundo plano. Vão fazendo cedências que, gradualmente, se transformam numa total anulação da personalidade e, quando dão por si, estão a aceitar aquilo que deveria ser inaceitável (infidelidade, falta de respeito). Involuntariamente vão criando condições cada vez mais favoráveis para que o cafajeste de serviço possa ser ainda mais cafajeste. De repente, os momentos maus são muito superiores aos momentos bons. Mas isso não as impede de continuar a investir. De continuar a amar incondicionalmente.


Nenhum amor romântico deveria ser incondicional. O amor incondicional é lindo – na teoria. Na prática, se a outra pessoa comete erros graves ou pura e simplesmente não é capaz de nos fazer felizes, HÁ QUE PARAR. Parar para pensar. Parar para reavaliar. E, sobretudo, parar para que se possa continuar a amar e ser-se amada na medida certa.

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