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6.3.14

SOCORRO, ESTOU A TER UM ATAQUE DE PÂNICO


Aterradora. É assim que a esmagadora maioria das pessoas descreve a sensação de estar a ter um ataque de pânico. São looooongos minutos de puro terror em que, do nada, surgem suores, palpitações, falta de ar e uma horrorosa agitação que pode implicar que a pessoa sinta que o seu corpo não lhe pertence. E como é assustadora a sensação de se estar fora do próprio corpo… FORA DO PRÓPRIO CORPO? Sim, muitas vezes um ataque de pânico inclui a despersonalização, que não é mais do que essa estranha sensação em que a pessoa é como se fosse um observador do próprio corpo, como se estivesse dentro de um filme. Se toda a ativação fisiológica já é suficiente para que a pessoa se sinta alarmada, achando que está prestes a morrer, é fácil de intuir que, se o ataque de pânico incluir a despersonalização, o terror seja ainda maior. E que não passe ao fim de uns dias.

Por norma, a pessoa acha que está a enlouquecer. Afinal, não há nada de normal na sensação de se estar dentro de um filme, certo? Infelizmente, esta ideia de que se está a um passo da loucura só piora a situação, já que há quem resista a falar sobre o problema precisamente com medo dos rótulos que daí possam advir. Como se os rótulos pudessem ser piores do que um ataque de pânico. Muitas vezes – e talvez porque na maioria dos casos a pessoa não é mesmo capaz de identificar o que é que esteve na origem daquele episódio – a pessoa procura esquecer o que aconteceu, na esperança de que pudesse tratar-se de um ato isolado. Claro que é só uma questão de tempo até que surja outra crise de ansiedade. E com as novas crises surge quase sempre a necessidade de enfrentar o problema, mesmo que de forma atabalhoada.

O primeiro passo inclui quase sempre uma ida às urgências. A pessoa não aguenta a sensação de que está na iminência de ter uma ataque cardíaco e procura a ajuda que, naquele momento, parece óbvia. A maior parte dos clínicos que trabalhem em contexto hospitalar estão familiarizados com este tipo de sintomatologia e não precisam de muito tempo para chegar a um diagnóstico: ANSIEDADE. Se é absolutamente verdade que a ideia de não haver risco cardíaco é tranquilizadora, também é certo que não há nada de animador num diagnóstico como este. “E agora, o que é que eu faço? Encho-me de calmantes?” – são as perguntas que se seguem.

Ainda que os ansiolíticos (calmantes) possam ser uma preciosa ajuda para enfrentar os picos de ansiedade, não são a solução para o problema. A resposta mais sólida, mais ajustada e mais segura implica a junção de medicação antidepressiva e psicoterapia. “Mas eu não estou deprimido!” – costuma ser a resposta.


A pessoa que (sobre)vive atormentada por ataques de pânico pode não estar deprimida. Mas depende deste tipo de intervenção para que possa, de forma estruturada e acompanhada, aprender a identificar as raízes da doença que a acometeu. Mas não só. Diversos estudos têm mostrado que esta é uma perturbação que está intimamente associada à dificuldade em identificar, manifestar e gerir emoções, pelo que qualquer processo psicoterapêutico implicará o uso de ferramentas que permitam desenvolver estas competências de maneira a minimizar a probabilidade de aparecerem novas crises. Progressivamente, a pessoa aprende a entrar em contacto com as suas emoções, a autocontrolar-se e a correr alguns riscos.

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