Há já algum tempo que se ouve
dizer que a monogamia é antinatural. Um mito construído pela sociedade, que
impõe aos homens e às mulheres que sejam fiéis e, assim, contrariem a sua
própria natureza. Esta linha de pensamento assenta em larga medida na ideia de
que a maior parte dos animais não são monogâmicos e no pressuposto de que são
"apenas" os constrangimentos morais que nos impedem de ser
poligâmicos. Mas será que é mesmo assim? Estaremos a reprimir as nossas reais
necessidades em função daquilo a que a sociedade nos obriga?
Seremos mesmo tendencialmente poligâmicos?
Creio que não. Começando
precisamente pelo argumento da biologia, a verdade é que há inúmeros estudos
que nos distinguem do resto do reino animal no que diz respeito à fidelidade.
Não é uma questão de opinião. É uma
questão de ciência. A ciência mostra, por exemplo, que quando somos fiéis e
nos sentimos conectados à pessoa que amamos, segregamos uma hormona, a
oxitocina, que está relacionada com o centro de satisfação no nosso cérebro. O
que acontece é que o ser humano se sente comprovadamente
feliz quando está numa relação amorosa emocionalmente segura.
A ciência, neste caso a
investigação na área da Psicologia, também tem mostrado que A MAIOR PARTE DAS
PESSOAS buscam uma relação duradoura, uma relação de compromisso. Quer isso
dizer que TODAS as pessoas devem ser monogâmicas? Não. Admito que haja pessoas
que não se sintam felizes ou realizadas numa relação deste tipo. Mas a
esmagadora maioria das pessoas é feliz assim, e não através da poligamia.
Então e a atração sexual? As
pessoas que estão felizes no casamento não se sentem atraídas por outras
pessoas para além do mais-que-tudo? A
satisfação conjugal equivale a deixar de sentir pica quando nos cruzamos com
alguém com muito bom aspeto? Nada disso! Ainda que o amor romântico possa
ser comparado a uma droga, as pessoas que se sentem conectadas com os
respetivos parceiros não vivem anestesiadas. Reconhecem a beleza e a
atratividade de outras pessoas, sentem-se atraídas por outros corpos, sim. Mas ESCOLHEM
ser fiéis. Não porque se sintam obrigadas a. Não à custa de opressão. Mas
porque valorizam a tal relação de compromisso que as faz sentirem-se seguras.
Valorizam aquele amor ao ponto de não quererem colocá-lo em risco.
Ser fiel não é estar preso a
outra pessoa. É estar ligado e desejar manter essa ligação. Ser monogâmico não
é sentir-se controlado nem limitado pelo outro. É reconhecer que aquela é a
pessoa mais importante da nossa vida e que é com ela que somos mais felizes.