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11.4.14

SILÊNCIO? NAAAAA…


Alguém dizia no outro dia: silêncio também é resposta. E é, claro. Até consigo identificar uma ou outra situação em que o silêncio pode ser A MELHOR RESPOSTA. Se alguém o insultar no meio da rua, escolher o silêncio não é sinal de vergonha ou embaraço. É sinal de indiferença e, nessa medida, sinal de inteligência emocional. Se uma pessoa alcoolizada se meter consigo, numa atitude mais ou menos provocatória, é a mesma coisa. Nestes casos, o seu silêncio diz, de forma clara e simples, "Eu escolho não comprar esta briga. Eu escolho não dar importância." Mas não é sempre assim. Ao contrário do que algumas pessoas defendem, o silêncio não é sempre uma resposta clara. O silêncio nem sempre diz tudo. E a indiferença que esta resposta traduz nem sempre é um sinal de inteligência.

Se alguém o insultar repetidamente, expondo-o perante outras pessoas, prejudicando as suas relações pessoais ou profissionais através de rumores, a melhor resposta não é o silêncio. É preciso uma atitude mais firme, mais proativa.

E se alguém o magoar? Pode o silêncio ser a melhor resposta? Há quem defenda que sim. Assisto todos os dias a essa escolha entre os casais com que trabalho. Não vês como estou triste? Não se nota - pelo meu silêncio - que erraste de forma grosseira, desiludindo-me?

Não, não é nada disso que o silêncio mostra. Pelo menos, não é isso que sobressai. Numa relação íntima o silêncio também pode mostrar indiferença. Só que neste caso a indiferença é venenosa. Porque ninguém espera ser tratado com indiferença pela pessoa amada. Ninguém espera ser colocado "de castigo" quando erra. Ninguém espera sentir-se desprezado (às vezes durante umas horas, outras durante alguns dias). Para dizer a verdade, ninguém merece.

A pessoa que escolhe o silêncio pode sempre alegar que não teve a intenção de desprezar. Que não quis colocar de castigo. Que importa? O veneno está lá, capaz de corroer e criar distâncias tantas vezes irrecuperáveis.

O mais curioso é que, para além de nociva, esta escolha nem sequer é clara na maioria das vezes. Qualquer um pode zangar-se de forma silenciosa a propósito dos erros do companheiro. Qualquer um pode amuar. Mas aos olhos de quem assiste à birra, fica difícil identificar o erro. Muitas vezes a pessoa até intui que errou. Percebe que o outro voltou a fechar-se na sua concha e tem a certeza de que esse comportamento está ligado a um comportamento seu – só não sabe qual. Pode tentar adivinhar. Fazer uma espécie de rewind ao próprio comportamento no sentido de tentar perceber onde errou. Ao fim de algumas birras o mais provável é que o exercício de autoanálise se torne cansativo e que a pessoa acabe por desistir.


Escolher o silêncio como resposta é fácil. Mas pode não ser inteligente. Difícil – mas provavelmente mais frutífero – é deitar a mágoa cá para fora de forma assertiva.

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