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24.4.14

TENS RAZÃO


Se a sua relação estiver a atravessar um período de discussões intensas e frequentes, é legítimo que dê por si a refletir sobre aquilo que pode fazer para evitar o desgaste. O problema é que, mesmo naqueles dias em que você acorda disposto a assumir uma postura zen e, sobretudo, disposto a não discutir, num abrir e fechar de olhos acaba por voltar a cair no ciclo vicioso. A conversa pode versar sobre bróculos, óculos de sol ou outra trivialidade qualquer. De repente, escala para um braço-de-ferro de que é difícil sair.

E se alguém lhe disser que, quando se instala um braço-de-ferro, há palavras mágicas que podem – mesmo – fazer a diferença? E se eu lhe garantir que há uma frase que você pode dizer ao seu mais-que-tudo (mas sobretudo a si mesmo) que opera autênticos milagres? Não acredita? Experimente:

TENS RAZÃO!

Claro que esta frase não produzirá qualquer efeito se for dita com ironia ou com desprezo. É óbvio que não há nenhuma mudança positiva a observar na medida em que a sua boca diga uma coisa e o seu olhar diga outra. Pelo contrário. Nesse caso, o melhor é não dizer nada. É que o desprezo é tão venenoso que pode incendiar a discussão. Se o seu companheiro se aperceber de que você está a ironizar, sentir-se-á (ainda mais) desrespeitado e magoado. Mas se esta frase for, em primeiro lugar, dita a si mesmo, os frutos serão automáticos. Há mudanças muito significativas quando você diz a si mesmo, de forma sentida, genuína:

“O meu companheiro tem razão. Tem razão para se sentir assim. Tem razão para estar tão incomodado. Eu posso não estar a ser capaz de perceber o seu ponto de vista mas ele(a) não estaria tão irritado(a) se não se sentisse perturbado. Tenho de o(a) entender. Tenho de me colocar na sua pele. Tenho de o(a) acolher”.


O que quero dizer é que, se no auge de uma discussão, você for capaz de se lembrar que a pessoa com quem você está a discutir não é uma má pessoa, não é alguém que lhe queira mal e que, pelo contrário, é alguém – você sabe – que quer o melhor para si, ser-lhe-á mais fácil esfriar a cabeça e TENTAR colocar-se no seu lugar. Qualquer tentativa sua de empatizar com o que o seu companheiro estiver a sentir será um significativo passo no sentido de quebrar o ciclo vicioso. Há uma diminuição drástica da ativação fisiológica (leia-se, neura) quando você deixa de olhar para a outra pessoa como um adversário. E a diminuição é ainda mais notória quando você diz, em voz alta, “Tens razão”. Quando o seu parceiro percebe que você é capaz de se descentrar e validar aquilo que ele sente, aumenta a probabilidade de ser capaz de fazer o mesmo. Porque, de facto, numa discussão, ambos podem ter razão.
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