Se a sua relação estiver a atravessar
um período de discussões intensas e frequentes, é legítimo que dê por si a
refletir sobre aquilo que pode fazer para evitar o desgaste. O problema é que,
mesmo naqueles dias em que você acorda disposto a assumir uma postura zen e,
sobretudo, disposto a não discutir, num abrir e fechar de olhos acaba por
voltar a cair no ciclo vicioso. A conversa pode versar sobre bróculos, óculos
de sol ou outra trivialidade qualquer. De repente, escala para um
braço-de-ferro de que é difícil sair.
E se alguém lhe disser que, quando se
instala um braço-de-ferro, há palavras
mágicas que podem – mesmo – fazer a diferença? E se eu lhe garantir que há
uma frase que você pode dizer ao seu mais-que-tudo (mas sobretudo a si mesmo)
que opera autênticos milagres? Não acredita? Experimente:
TENS
RAZÃO!
Claro que esta frase não produzirá
qualquer efeito se for dita com ironia ou com desprezo. É óbvio que não há
nenhuma mudança positiva a observar na medida em que a sua boca diga uma coisa
e o seu olhar diga outra. Pelo contrário. Nesse caso, o melhor é não dizer
nada. É que o desprezo é tão venenoso que pode incendiar a discussão. Se o seu
companheiro se aperceber de que você está a ironizar, sentir-se-á (ainda mais)
desrespeitado e magoado. Mas se esta frase for, em primeiro lugar, dita a si
mesmo, os frutos serão automáticos. Há mudanças muito significativas quando
você diz a si mesmo, de forma sentida, genuína:
“O meu companheiro tem razão. Tem razão para se sentir assim. Tem
razão para estar tão incomodado. Eu posso não estar a ser capaz de perceber o
seu ponto de vista mas ele(a) não estaria tão irritado(a) se não se sentisse
perturbado. Tenho de o(a) entender. Tenho
de me colocar na sua pele. Tenho de o(a) acolher”.
O que quero dizer é que, se no auge de
uma discussão, você for capaz de se lembrar que a pessoa com quem você está a
discutir não é uma má pessoa, não é alguém que lhe queira mal e que, pelo
contrário, é alguém – você sabe – que quer o melhor para si, ser-lhe-á mais
fácil esfriar a cabeça e TENTAR colocar-se no seu lugar. Qualquer tentativa sua
de empatizar com o que o seu companheiro estiver a sentir será um significativo
passo no sentido de quebrar o ciclo vicioso. Há uma diminuição drástica da
ativação fisiológica (leia-se, neura) quando você deixa de olhar para a outra
pessoa como um adversário. E a diminuição é ainda mais notória quando você diz,
em voz alta, “Tens razão”. Quando o seu parceiro percebe que você é capaz de se
descentrar e validar aquilo que ele sente, aumenta a probabilidade de ser capaz
de fazer o mesmo. Porque, de facto, numa discussão, ambos podem ter razão.