A infidelidade não bate à porta de todos os casais. Mas aqueles que já passaram pela experiência sabem que o local de trabalho de cada um é um dos sítios mais perigosos do mundo. Independentemente de trabalharmos numa agência de seguros, numa escola, ou numa repartição de finanças, é relativamente fácil sentirmo-nos próximos daqueles com quem somos obrigados a partilhar o espaço durante 40 (ou mais) horas por semana. É muitas vezes ao lado de colegas de trabalho que recebemos notícias importantes. É ao seu lado que vibramos quando as notícias são animadoras. E é dessas pessoas que recebemos o apoio possível quando as notícias são tristes. Cria-se uma certa intimidade e, mesmo que aquelas pessoas não sejam visitas-de-casa, são, em muitos casos, autênticos amigos. Amigos que o mais-que-tudo às vezes nem conhece. Amigos que são só nossos e que, de repente, podem passar a ser muito mais do que isso.
Quando
é que uma relação profissional corre o risco
de se transformar numa relação
extraconjugal?
O
que é que é possível fazer para garantir que isso não aconteça?
Antes de mais, talvez valha a pena
assumir uma postura humilde e aceitar que, se
não houver os devidos cuidados, qualquer um pode cair em tentação. Porque
este não é um problema que só aconteça aos outros.
Então, que cuidados são esses?
SEGREDINHOS? NÃO, OBRIGADO
Não há nada de errado no facto de você
almoçar fora todos os dias com as mesmas pessoas. Tão pouco há algo de errado
no facto de você simpatizar mais com uma ou duas pessoas e preferir a sua
companhia à hora de almoço. Mas há muita
coisa errada quando você opta por não dizer ao seu parceiro que tem almoçado sempre
com a mesma pessoa. Inicialmente você até pode ter a melhor das intenções –
proteger a sua relação dos ataques de ciúmes do seu cônjuge. Você olha para o
seu colega como um colega e nada mais e acha que faz bem em não contar nada em
casa. O problema é que quando você escolhe manter segredo, há uma barreira que
começa a erguer-se. Entretanto, há uma ligação emocional que cresce de dia para
dia e que se transformará facilmente num apoio importante nos dias de maior
tensão conjugal. Sem dar por isso, é ao seu colega-que-entretanto-já-não-é-só-um-colega
que você recorre para se animar quando há problemas em casa. É com ele que você
vive momentos agradáveis depois de um arrufo com o mais-que-tudo. E é com esta
pessoa que você prefere estar quando o seu casamento viver dias difíceis.
ONDE É QUE ESTÃO AS FRONTEIRAS?
É normal que você não se lembre de
partilhar com o seu cônjuge toooodos
os pormenores das conversas que vai tendo com os seus colegas de trabalho. E o
mais provável é que ele agradeça que você não o faça. Aquilo que não é saudável
(para o seu casamento) é que você opte deliberadamente por proteger a sua
amizade com o colega de escritório como
se o seu parceiro fosse um adversário. Há um ou outro detalhe da vida dos
seus colegas que não deve ser partilhado na medida em que implicaria uma
exposição desnecessária. Mas quando você desenvolve uma amizade íntima com
alguém do trabalho e, em nome da confiança que essa pessoa depositou em si,
escolhe ocultar tudo do seu cônjuge, estará provavelmente a proteger a relação
errada.
FALAR MAL DO MAIS-QUE-TUDO? NUNCA!
Quando uma relação profissional ganha o
estatuto de amizade é relativamente fácil criar-se a confiança necessária para
que as duas pessoas se sintam à vontade para desabafar sobre os seus problemas.
Incluindo os problemas conjugais. À medida que essa confiança cresce, é possível
que uma das partes se sinta confortável ao ponto de falar mal do próprio cônjuge.
De repente, a mulher do seu colega não é apenas egoísta porque não o ajudou a
arrumar a cozinha em noite de jogo. É a
egoísta que nunca o apoia. A egoísta que nunca o ouve. A egoísta que nunca o
elogia. E você dá por si a empatizar com ele. E há um dia em que, depois de
uma discussão, você também desabafa. E também fala mal do seu cônjuge. Tudo
acontece gradualmente. Mas você sabe exatamente como é que este filme acaba,
não sabe?
Se quiser proteger-se de uma traição no
local de trabalho não é preciso entrar mudo e sair calado todos os dias. Basta
que imagine como é que o seu mais-que-tudo se sentiria se assistisse às suas
conversas com os seus colegas. Sentir-se-ia tranquilo? Ou alarmado? Orgulhoso
de si? Ou preocupado?