É muito comum ouvir dizer que a pessoa
X é uma pessoa madura só porque já não sai à noite, não joga Playstation ou não
se veste como um adolescente. Claro que este tipo de comentários pressupõem
muitas vezes que um adulto que faça este tipo de coisas NÃO pode ser uma pessoa
madura. Como se a forma como nos divertimos ou as escolhas que fazemos e que
contribuem para o bem-estar individual pudessem ser sinónimo de (i)maturidade.
Eu consigo entender que um adulto que privilegie o próprio prazer em detrimento
das suas responsabilidades familiares ou profissionais não seja propriamente um
exemplo de maturidade ou de responsabilidade. Mas não concordo com os
estereótipos que determinem que quem se diverte possa ser automaticamente
alguém incapaz de atender aos seus compromissos.
Maturidade
não é isso. Não pode ser avaliada a partir do que uma pessoa veste e
seguramente não deve ser calculada a partir de análises superficiais.
Infelizmente, tenho-me cruzado com muitos senhores que todos os dias usam fato
e gravata e que trabalham em escritórios de renome mas que estão longe, muito
longe, de poderem ser rotulados de maduros. E senhoras com ar sério e cargos
importantes que ali, entre as paredes do meu gabinete, revelam os maiores
sinais de imaturidade.
O que é
– então -
a maturidade?
É ter a capacidade de controlar as
próprias emoções – em vez de agir de forma impulsiva, descontrolada. É pensar
antes de agir e, assim, evitar magoar as pessoas erradas. É controlar a raiva.
Em vez de se dizer sempre aquilo que se pensa. Não é fazer o que nos apetece. É
resistir à tentação. É saber esperar. É ter paciência, mesmo quando aquilo por
que se espera é muito importante. É ter a capacidade de continuar a lutar, com
entusiasmo e perseverança, por aquilo que é realmente importante. Não é
desistir à primeira contrariedade. Não é querer que a vida seja sempre
cor-de-rosa. É assumir os próprios erros. Não é atribuir culpas apenas aos
outros. Não é encontrar desculpas para as próprias falhas. É saber reconhecer
as necessidades dos outros e colocá-las muitas vezes em primeiro lugar. É fazer
o que é preciso e não o que apetece. É ter humildade. É saber pedir desculpa. É
saber cumprir a palavra, valorizar o compromisso. É saber enfrentar as crises,
reconhecendo a importância da mudança. E é ter a capacidade de perdoar e viver
em paz com aquilo que não se pode mudar.