Toda a gente tem medo de ser avaliada. Toda a gente tem medo de se expor e passar por um momento de embaraço na presença de outras pessoas. Toda a gente já teve medo de enfrentar uma escola nova ou um emprego novo. Mas o nervosismo que caracteriza estes momentos não é igual para todos. Para uma pessoa que sofra de fobia social, o medo é visto como inultrapassável. Na prática, a simples ideia de ter de enfrentar um ambiente novo pode ser aterradora, levando a que pessoa se sinta ansiosa várias semanas antes do evento. A pessoa pode sentir-se bloqueada com a simples tarefa de ter de preencher um impresso na presença do funcionário de uma loja – “E se eu me enganar e der um erro de ortografia?”. Pode sentir-se ansiosa com a hipótese de comer ou beber em público – “E se eu me atrapalhar com os talheres? Ou se me engasgar e ficar tudo a olhar para mim? Que vergonha!”. Por estranho que possa soar, algumas pessoas recusam convites aparentemente agradáveis ou até propostas de trabalho interessantes porque pura e simplesmente se martirizam com pensamentos negativos como estes. Aquilo que as diferencia das outras pessoas – que também ficam nervosas – é sobretudo a intensidade dos seus medos. Para quem tenha fobia social, é como se o medo fosse, efetivamente, um muro intransponível.
Então mas a pessoa não sabe que esses
pensamentos são irracionais? Sabe! Ou, pelo menos, na maior parte das vezes tem
essa consciência. Mas isso não significa que consiga controlar o medo. Dizem a
si mesmas coisas como “Isto é um disparate. São coisas da minha cabeça.” Mas…
isso não as leva a lado nenhum. Porque, na prática, continuam a bloquear na
hora H. Continuam a dizer sim aos convites para jantares de grupo e telefonam à
última hora a dizer que “não vai dar”. Continuam a responder a anúncios de
emprego mas faltam às entrevistas. E por aí fora…
O
QUE É QUE AS PREOCUPA?
Preocupam-se EXCESSIVAMENTE com o que
as outras pessoas possam pensar. Preocupam-se DEMASIADO com os seus gestos e
com o impacto das suas palavras. Têm MUITO MEDO de fazer algo ridículo à frente
de outras pessoas. Têm MUITO MEDO que os outros as julguem. E, em função disso,
coram, suam, tremem, sentem náuseas e
têm dificuldade em articular as palavras. De repente, podem passar por
gagas ou por alguém com algum outro problema na fala. E é como se o ciclo
vicioso não tivesse fim.
As dificuldades podem aparecer logo no
início da adolescência e quando não são tratadas podem durar a vida inteira.
HÁ
AJUDA POSSÍVEL?
Para começar, é fundamental que a
pessoa esteja recetiva a falar sobre os seus sintomas com um especialista.
Nalguns casos pode ser necessário tomar alguma medicação para controlar os
níveis de ansiedade. Mas na maioria das situações é sobretudo através da
psicoterapia que a pessoa aprende a gerir a ansiedade e a controlar os seus
medos. Gradualmente, vai implementando mudanças, vai correndo riscos e vai-se
sentindo mais feliz.