O que é que o chocaria mais? A ideia de
o seu mais-que-tudo se apaixonar por outra pessoa sem que houvesse contacto
físico? Ou uma ligação meramente sexual, sem laços afetivos?
Há pouco tempo foram divulgados os
resultados de um estudo que mostrava que as mulheres atribuem maior importância
à infidelidade emocional do que à infidelidade física (sexual). De acordo com
essa pesquisa, aquilo que mais incomoda a generalidade das mulheres é a ligação
emocional que o companheiro possa construir com a terceira pessoa. O estudo
também dizia que os homens, pelo contrário, atribuem maior importância à
traição sexual, desvalorizando a infidelidade emocional. Mas será mesmo assim? Seremos – homens e mulheres – assim tão
diferentes?
A verdade é que há muitas investigações
a respeito do assunto e os resultados não são consensuais. Aquilo que parece
ser claro é que quando a traição é “só”
emocional a situação é mais condenada por mulheres do que por homens. Elas
têm mais dificuldade em perdoar do que eles. Mas, na prática, a maior parte das
mulheres reconhece que a infidelidade sexual é mais grave do que a infidelidade
emocional. Esta é a realidade com que me defronto diariamente no consultório –
tanto que muitas vezes a mulher só é capaz de perdoar e tentar uma
reconciliação quando há provas de que a traição não chegou a vias de facto. Não
é sempre assim e há muitos homens e mulheres que escolhem dar uma nova
oportunidade ao seu casamento mesmo depois de saberem que o mais-que-tudo
esteve sexualmente envolvido com outra pessoa. Mas este é um caminho quase
sempre mais difícil. É que nestes casos, a par das mentiras, da desilusão e da
inevitável quebra de confiança há um outro fator de desestabilização – a
imaginação. É particularmente difícil
lidar com as imagens do companheiro na cama com outra pessoa. Ou será que
foi no carro? Ou no escritório? Pois… um dos problemas que decorrem da
infidelidade (física) tem a ver com a incapacidade
de parar de pensar no que aconteceu. Muitas pessoas traídas passam a querer
aceder a mais e mais pormenores e são incapazes de parar. Esta ruminação já não
está tão presente quando a infidelidade se resume à ligação emocional.
Mas não nos iludamos: se é verdade que
homens e mulheres consideram que a infidelidade sexual é mais grave, também é
certo que a descoberta de uma infidelidade emocional pode produzir um grau de
devastação suficiente para que a pessoa traída – homem ou mulher – peça o
divórcio.