Não tenho dúvidas: o humor é uma
ferramenta poderosíssima para qualquer relação. Particularmente para uma
relação amorosa. Mas desengane-se se acha que estou a referir-me à capacidade
de contar piadas enquanto característica de personalidade essencial ao sucesso
de uma relação. Não, você não tem de ser
o humorista de serviço em nome do seu casamento. Nem faz sentido que se
esforce por ser engraçado só para conquistar alguém. Quando me refiro ao humor
refiro-me sobretudo à capacidade de rir
e descomprimir – a dois – mesmo nos momentos mais improváveis. Porventura
até nos momentos de maior tensão. Mais do que ser “palhaço”, esta competência
implica que você esteja disponível para olhar para o lado mais divertido de
cada momento, unindo-se ao seu mais-que-tudo através de uma gargalhada. O
futuro da sua relação pode depender dessa escolha.
Não, a ideia não é estar
permanentemente a tentar fazer piadas a propósito de assuntos sérios. Se o seu
cônjuge se sentir vulnerável e pedir a sua atenção, talvez não seja boa ideia
brincar com a situação, desvalorizando os seus sentimentos. Se ele/a se queixar
a propósito do seu comportamento, tão-pouco será inteligente responder com
sarcasmo e esperar ser bem-sucedido. Ah! E nem pense em ridicularizar as falhas
do seu cônjuge! As piadas de mau gosto
estão mais para veneno do que para remédio em qualquer relação.
Usar
o humor implica rir COM a pessoa amada.
Não
rir DA pessoa amada.
Imagine que você está a tentar resolver
um problema na canalização lá de casa. É tarde, você está cansado e a última
coisa que lhe apetece é estar encaixado debaixo do lava-loiças a realizar uma
tarefa que está longe de fazer parte das suas competências. A sua mulher está
ao seu lado e vai dando indicações – daquelas que o fazem sentir que está ao
lado da patroa e não propriamente da amante. As frases que você ouve parecem
ordens – “Mais para a direita”, “não faças assim”, “Experimenta desta forma”.
Até que você volta a enganar-se e a água espalha-se num jato que o deixa
encharcado. Eu aposto que a sua mulher – qual espetadora deste circo será capaz
de soltar uma gargalhada estridente. Este é o momento do tudo ou nada. Você tem
o poder rir de si próprio, alinhar na brincadeira e tentar “vingar-se”
molhando-a também. Ainda que logo de seguida tenham – ambos – uma cozinha por
limpar, aquelas gargalhadas saber-lhes-ão pela vida. Porque são essas
gargalhadas que lhes permitem escapar de uma explosão de nervos. Porque é
dessas gargalhadas que se vão lembrar quando, anos mais tarde, alguém falar em
problemas na canalização. Porque rir a dois é o melhor antídoto para os
momentos de tensão.