Você acha que sabe pedir desculpa.
Afinal, o mais provável é que alguém o tenha ensinado a dizer coisas como “peço
imensa desculpa” pouco depois de você ter aprendido a falar. “Isso não se faz!”
é, provavelmente, uma das frases que os pais e mães mais reproduzem, numa
tentativa de incutirem às suas crianças os valores que lhes permitam viver em
sociedade sem serem rotuladas de pequenos diabretes. De um modo geral, nós,
adultos, também nos esforçamos por pedir desculpas sempre que nos apercebemos
de que errámos. Claro que é muito mais provável que o façamos em contextos mais
formais ou naqueles em que nos apercebemos de que não pedir desculpa pode
meter-nos em problemas ainda maiores.
Muuuuito
mais difícil é
-
como é fácil de calcular –
pedir
desculpa às pessoas que nos são mais próximas.
Mas mesmo quando deixamos o orgulho de
lado e avançamos com um pedido de desculpa, será que o fazemos da forma certa?
A experiência mostra-me que não. Na
maioria das vezes, os pedidos de desculpa não surgem de forma genuína nem
produzem o efeito esperado. Porquê? A resposta pode estar em si mesmo. Imagine
que você chega atrasado a um compromisso e pede desculpa. Se eu lhe perguntar
porque é que pediu desculpa, o que é que você responderá? Que o fez porque
reconhece que errou? Porque sabe que nestas situações se deve pedir desculpa?
Porque isso é o que fazem as pessoas maduras? Você até pode estar convencido
que estas são respostas ajustadas, mas não são. Na verdade, um pedido de
desculpas não deve ter nada a ver com isto. Sempre que você pedir desculpa a
alguém, seja por que motivo for, a sua atenção não deve fixar-se em si mas sim
NA OUTRA PESSOA. Por isso, antes de pedir desculpa, centre-se, genuinamente, no
impacto do seu comportamento na vida da outra pessoa.
Identifique
o prejuízo que você pode ter provocado.
Tente
reconhecer a forma como a outra pessoa se sente por causa da sua escolha.
E
só depois disso peça desculpa.
Você será bem-sucedido se for capaz de
mostrar que está GENUINAMENTE preocupado com os danos causados, se for capaz de
mostrar solidariedade para com a outra pessoa e, claro, se for capaz de mostrar
ARREPENDIMENTO GENUÍNO e o COMPROMISSO COM A MUDANÇA. Não diga coisas como
“Peço imensa desculpa pelo meu atraso, não volta a acontecer.” Pare para pensar
na outra pessoa. Seja honesto. Expresse a sua empatia. E comprometa-se (consigo
mesmo) para não voltar a prejudica-la. As suas palavras terão um impacto muito
diferente. “Peço desculpa pelo meu atraso. Calculo que esteja a roubar-lhe mais
tempo do que tinha previsto e que possa estar a prejudicar os seus outros
compromissos. Compreendo que possa sentir-se desiludido/ irritado/
desconsiderado. Ontem deitei-me muito tarde e hoje adormeci. Não voltarei a
fazê-lo.”
Ser capaz de se centrar na outra pessoa
implica reconhecer que nem sempre é fácil perdoar. Às vezes a outra pessoa está
efetivamente magoada e precisa de tempo para aceitar o seu pedido de desculpa.
Mas se você fizer (bem) a sua parte, as coisas ficam mais fáceis.