Pode parecer estranho mas há por aí
muita gente "bem casada" que se sente absolutamente só. Insistem em
continuar casadas com quem não lhes presta atenção nem dá o mimo que merecem
sobretudo por comodismo. Não é que não desejem mudar. Desejam mas não sabem
como. E têm medo. Medo de se queixarem "a sério". Medo de exporem
aquilo que sentem. Medo de que o outro se vá embora. Como se o mais-que-tudo
pudesse estar feliz ou satisfeito numa relação assim. Não, ninguém é verdadeiramente feliz numa relação onde não haja
intimidade. E não, não falo (só) de sexo. Também falo disso, até porque o sexo
melhora, e muito, quando a intimidade emocional aumenta.
E o que é isso de intimidade emocional?
É olhar para a cara-metade e ter a certeza de que aquela é a pessoa que é capaz
de o amparar em todos os momentos. É sentir-se seguro a propósito do que ela é
capaz nos momentos em que você se sente mais frágil. É ter a certeza de que tem
ao seu lado alguém que se preocupa - de verdade - com o que você sente e age
mostrando-lhe que está "lá". Está sempre lá.
Quando nada disto acontece e pelo menos
uma das partes é capaz de reconhecer que se sente só, mais vale queixar-se. É preferível criar um momento de tensão,
assumir que há problemas e, a partir daí, reconstruir alguma coisa do que
assobiar para o lado e fingir que está tudo bem. É que quando alguém finge,
corre riscos sérios. O risco de acordar um dia ao lado de um estranho. Ou o
risco de ser surpreendido por uma infidelidade. E eu tenho visto tantos casos
assim...