Educar uma criança é, provavelmente, um
dos maiores desafios que alguém pode ter de enfrentar. A vontade de se ser bom
pai ou boa mãe anda quase sempre de mãos dadas com um conjunto de medos e de
interrogações – “Estarei a fazer as
escolhas certas?”, “Será que passo tempo suficiente com os meus filhos?”,
“Estarei a ser demasiado exigente?”, “Estarei a ser demasiado permissivo(a)?”.
Ninguém tem todas as respostas. De um modo geral, os pais (e mães) têm um
desejo comum: querem que os seus filhos sejam felizes. Querem que sejam
crianças felizes e querem que se transformem em adultos capazes de lutar pela
sua felicidade. Depois há desejos mais específicos. Há quem ambicione que os
filhos sejam alunos brilhantes e mais tarde profissionais de sucesso (e, já
agora, muito bem remunerados). Há quem queira vê-los casados e com filhos. Há
quem lute para que se transformem em adultos responsáveis e com valores.
Mas como é que tudo isto se consegue? E
o que é que depende, de facto, dos pais? Afinal, toda a gente sabe que os pais não controlam tudo, que há
muitos outros agentes que contribuem para a formação de uma criança. Pelo sim,
pelo não, há quem se previna começando por inscrever as crianças em
infantários-topo-de-gama. E há quem se mate a trabalhar para garantir que os
filhos possam frequentar as melhores escolas e, mais tarde, as melhores
universidades. Mas se é verdade que as crianças podem beneficiar (e muito) de
um ensino que as estimule e que lhes permita desenvolver competências e
concretizar sonhos, é fundamental que assumamos a realidade como ela é: o
sucesso dos nossos filhos depende muito menos destes recursos e muito mais do
vínculo que formos capazes de construir com eles. É verdade! A felicidade das nossas crianças e até o seu rendimento
escolar (e mais tarde profissional) depende maioritariamente de algo que é
grátis: a conexão com os pais. Não é a creche XPTO, as 123 atividades
extracurriculares nem a poupança no banco que hão de garantir que os nossos
filhos sejam adultos felizes e bem-sucedidos. É o tempo que formos capazes de
lhes dedicar. É a capacidade de resposta às suas necessidades – físicas e
emocionais. É a segurança emocional que resulta de se sentirem amados. É o
toque – os gestos de afeto, os mimos, os beijos e os abraços. São os “Nãos”
devidamente explicados.
Qualquer pai ou mãe gostaria que os
seus filhos se transformassem em adultos seguros, capazes de lutar pelos seus
sonhos, de reagir às adversidades, de defender os seus interesses com
escrúpulos e com autoconfiança, certo? Ora, isso depende sobretudo do investimento
afetivo que for feito.
O toque é fundamental para o
desenvolvimento físico e emocional das crianças. As crianças que não são
tocadas e que raramente brincam têm um cérebro entre 20 e 30% mais pequeno do que
o normal para a sua idade.
Cada criança tem competências inatas. Se
ao pais oferecerem alguns estímulos, essas competências vão desenvolver-se. Mas
os “talentos” do seu filho podem não ser aqueles que você espera ou os que você
mais valoriza.