No Facebook cada um publica o que quer.
Salvo uma outra censura dos responsáveis da rede social (é proibido publicar
pornografia ou incentivos á violência, por exemplo), cada um é livre de ali
expor conquistas, partilhar desgostos, divulgar negócios ou pura e simplesmente
debitar todos os passos dados. Mas será que devemos publicar tudo o que nos
apeteça? Ou será mais inteligente assumirmos uma postura prudente? Que filtros
devemos ter?
Independentemente das definições de
privacidade associadas às nossas publicações, é fundamental que tenhamos noção
de que aquilo que "postamos" para um número restrito de pessoas pode
facilmente cair no domínio público (nem que seja porque uma das pessoas da
nossa “lista restrita” resolva partilhar uma dos nossos posts). Nesse sentido,
há informações que deve evitar partilhar no Facebook:
MENSAGENS DE ÓDIO/ RESSENTIMENTO. Você
pode aproveitar o seu mural para desabafar sobre tudo aquilo que vai mal no seu
casamento, dizer o quanto odeia o seu chefe ou desancar na vizinha que passa o
tempo a aspirar. A verdade é que você não quer que os visados conheçam o seu
ódio, certo? Então, o melhor é não publicar nada que possa ser usado contra si.
Mas esta não é só uma questão de poder ser apanhado a falar mal pelas costas. É
sobretudo uma questão de poder ser
banido pelos seus amigos. É verdade! A maior parte das pessoas vai ao Facebook
em busca de entretenimento e está pouco inclinada para ler desabafos que
traduzam uma boa dose de raiva. De forma mais ou menos silenciosa, as pessoas
da sua lista podem optar por deixar de seguir as suas publicações, rotulando-o
de… chato.
PROVAS DE INFIDELIDADE. A ideia de
criar listas de amigos e partilhar o que lhe convém apenas com algumas pessoas
é fantástica… mas não é 100% segura. Se anda a fazer o que não deve, o melhor é
não publicar nada que denuncie os seus passos porque, mais cedo ou mais tarde,
tudo se sabe. São muitos os casos de infidelidade que chegam ao meu consultório
depois de um dos membros do casal ter acedido às pontas soltas deixadas pelo
outro.
INFORMAÇÃO DELICADA. Publique o que for
passível de ser celebrado – um casamento, um nascimento, um emprego novo, a
adoção de um animal de estimação ou até aquela receita nova que você executou
na perfeição. Mas evite expor momentos sensíveis como aqueles que estão
associados à doença e à morte. É natural que você se sinta muito sensível a
propósito da recente hospitalização da sua avó – mas os seus amigos não
precisam de aceder às fotografias que comprovem o internamento. Neste caso, é
também a dignidade alheia que está em causa.
PEDIDOS DE “LIKES”. Quantas vezes já se
confrontou com publicações do tipo “quem gosta de azul, faz “like”; quem gosta
de amarelo, partilha”? Como é que se sentiu? Estes posts são aborrecidos e também podem levá-lo a ser banido. Ou
desamigado.
INFORMAÇÃO PRIVADA DE TERCEIROS.
Ninguém controla a totalidade da informação que é divulgada a seu respeito na
Internet. Você até pode ser um maníaco do controlo mas, garanto-lhe, é muito
provável que uma série de pessoas que você nem conhece já tenham publicado
fotos suas no Facebook. Como? Basta que você esteja na praia e seja apanhado
por alguém que esteja a tirar uma selfie,
por exemplo. No entanto, esta constatação não lhe dá o direito de publicar o
que quiser sobre quem você quiser. Respeite o direito à privacidade e, sempre
que for viável, peça autorização às pessoas envolvidas antes de publicar o que
quer que seja sobre elas. Felicitar uma amiga pela gravidez recente pode não
ser um gesto simpático se a sua amiga não estiver preparada para anunciar a
novidade na rede social. Divulgar uma fotografia do seu filho ao lado do melhor
amigo pode ir contra os princípios dos pais da outra criança. Mantenha-se
atento.
INFORMAÇÃO QUE O LEVE A SER DESPEDIDO.
OU QUE O IMPEÇA DE CONSEGUIR UM EMPREGO. É verdade que qualquer utilizador tem
hoje um conjunto de ferramentas que permitem garantir alguma privacidade. Mas eu
posso garantir-lhe que muitas entidades empregadoras estão muito atentas ao
comportamento dos seus empregados (ou candidatos) nas redes sociais. É
moralmente aceitável que alguém seja despedido ou deixe de ser contratado
porque aparece em fotografias de Facebook de copo na mão e rosto indicador de
um estado alcoolizado? Não. Mas a verdade é que isto acontece diariamente. E
mesmo que a maior parte das suas fotografias sejam “privadas”, qualquer uma das
pessoas que as veja pode partilhá-las com as pessoas erradas.
DISPARATES QUE O ENVERGONHEM. OU QUE
ENVERGONHEM A SUA FAMÍLIA. Há muita coisa que você só faz se tiver a certeza de
que os seus pais não estão a ver. Ou a sua avó. E há coisas que você não se
importaria de partilhar com a família mais próxima mas que jamais exporia à
maior parte dos seus amigos. Nesse sentido, o melhor é ter cuidado com o que
publica no Facebook. Não vale a pena achar que tem tudo controlado. Não tem.