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29.10.14

COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO NO CASAL


Quase toda a gente gostaria de ter uma daquelas relações amorosas que vemos ilustradas nos filmes. Aquelas em que uma briga acaba invariavelmente com um beijo arrebatador. Afinal, no cinema e na televisão os apaixonados também se zangam mas fazem sempre as pazes e transmitem a mensagem de que é fácil ultrapassar todo o tipo de mágoas. Basta que haja amor. Na vida real as coisas podem complicar-se. As discussões às vezes são bem mais acesas do que gostaríamos. Os amuos eternizam-se. E mesmo quando um toma a iniciativa de tentar uma reaproximação, não há garantias de que corra tudo bem.

O que é que duas pessoas que gostem (mesmo) uma da outra podem fazer para melhorar a sua comunicação? Deverão fugir a sete pés de qualquer discussão? Será que é ajustado que um se faça de mudo mesmo que o outro esteja a espernear de raiva? Ou bastará que ambos assumam o compromisso de, aconteça o que acontecer, não ir para a cama chateados? Nenhuma destas alternativas me parece capaz de gerar frutos.

Então, o que é que pode ser feito?

RIR A DOIS. Não se ria. É a sério :). Não há nenhuma medida mais terapêutica do que esta. Os casais que investem tempo e energia em momentos de descontração a dois criam uma espécie de poupanças afetivas que lhes permitem encarar os problemas com maior tolerância. Não é só uma questão de “compensar” os momentos de tensão com alguns momentos de bem-estar. É uma questão de tirar partido de situações banais para descontrair ao lado da pessoa de quem se gosta.



CRITICAR SÓ QUANDO FOR IMPORTANTE. Há pessoas que estão convencidas de que todas as chamadas de atenção são importantes. Assumem uma missão que tem como objetivo eliminar todos os erros da pessoa de quem gostam e dão o seu melhor para que nada passe despercebido. Ele(a) deixou a toalha molhada em cima da cama? OUVE UMA CRÍTICA. Esqueceu-se de levar o lixo para o contentor? OUVE UMA CRÍTICA. Deu uma facadinha na dieta? OUVE UMA CRÍTICA. Sentou-se no sofá antes de lavar a loiça? OUVE UMA CRÍTICA. Ninguém aguenta! Não é para isso que decidimos partilhar a vida com alguém. O hipercriticismo corrói, rouba a esperança, a vontade de fazer melhor, a vontade de estar “lá” para o outro. É evidente que é preciso que as pessoas mostrem a sua indignação. As manifestações de desagrado são essenciais para que um saiba aquilo de que o outro precisa. Mas alguma coisa está errada quando um precisa que o outro mude a generalidade dos seus hábitos. Pela saúde da sua relação, doseie as chamadas de atenção.

ELOGIAR COM GENUINIDADE. No início do namoro qualquer pessoa mostra que é a fã número um do mais-que-tudo. Vão jantar fora e ele deu uma gorjeta ao funcionário? “Que queridoooooo!”. Levanta-se diariamente às 7 da manhã para ir para o trabalho? É um empreendedor! Depois as hormonas deixam de estar em alvoroço e, para alguns, as qualidades da pessoa amada passam a ser dados adquiridos que não merecem qualquer feedback. Mas a verdade é que nós precisamos (todos) desse incentivo, desse mimo. Não só para que nos sintamos apreciados, amparados, mas também para que tenhamos maior poder de encaixe a propósito das críticas de que possamos ser alvos.



RESOLVER O QUE DER PARA RESOLVER. Um dos problemas que a generalidade dos casais que me procuram enfrentam tem a ver com a vitimização. Se quando um se queixa – e faz um apelo – o outro se sentir atacado, é provável que assuma uma postura demasiado defensiva, olhando para si mesmo como o coitadinho. Se, pelo contrário, uma queixa (importante) for olhada como um pedido de ajuda, é mais provável que a pessoa que é criticada se concentre naquilo que pode fazer para ir ao encontro da necessidade da outra. Isso chama-se “estar lá” para a pessoa de quem se gosta em vez de olhar apenas para o próprio umbigo. Claro que nem tudo pode ser resolvido de forma prática e imediata. Há questões mais complexas que outras. Mas o essencial é conseguir mostrar à pessoa amada que ela é merecedora da nossa atenção e da nossa disponibilidade para ir ao encontro do que ela precisa.

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