De que se queixam os homens
casados? Da falta de sexo? Dos problemas de comunicação? Das dificuldades de
relacionamento com os sogros? Da falta de atenção? Afinal, as queixas deles são
ou não diferentes das queixas delas?
Na sala de terapia (e não só) há
uma queixa que sobressai porque é comum a muitos homens (e algumas mulheres
também): as críticas da mulher. Sim, é verdade que um homem pode apontar a
falta de sexo como um problema importante. É comum ouvi-los falar em “problemas
de comunicação”. E há muitas outras queixas específicas, que vão variando de
casal para casal. Mas nenhuma queixa é tão comum como esta: o hipercriticismo é
como uma arma que vai destruindo a relação.
Afinal, parece fácil: se os
homens prestarem atenção às queixas das mulheres, elas vão andar muito mais
satisfeitas e eles também. Na prática as coisas são um pouco diferentes.
Não é por acaso que este é um dos
padrões de relacionamento que mais frequentemente aparece em terapia de casal:
independentemente da natureza das dificuldades, há um que critica muito e há
outro que passa a vida a defender-se e/ou a fugir das discussões. Como quem
critica está a tentar que o outro reaja prestando atenção àquilo que lhe está a
ser pedido, a postura defensiva (“Eu? Então e tu?”) ou a fuga aos problemas (“Eu
não vou discutir contigo.”) acaba por ser enervante (e um estímulo para que
haja ainda mais críticas). O grande problema é que quem critica (não há volta a
dar, as mulheres são muito mais críticas do que os homens) nem sempre tem noção
da forma como o está a fazer.
Mais: sem darem por isso, algumas
pessoas são capazes de “chamar a atenção” para 3 ou 4 falhas do mais-que-tudo
em apenas 10 minutos. É como se estivessem a bombardeá-lo com acusações. E a
mensagem que passam – mesmo que não queiram – é sempre a mesma: “És um
incompetente! Não há nada que faças bem”.
Quando duas pessoas estão presas
a estes ciclos viciosos, precisam de aprender a reconhecê-los para que possam,
em tempo real, fazer escolhas diferentes. A ideia é serem capazes de perceber
que há hábitos mais saudáveis que as podem ajudar a dar a volta às
divergências. Se um ou os dois forem capazes de dizer “Ups! Lá estamos nós a
cair nesta armadilha.”, aumenta a probabilidade de serem capazes de travar a
escalada e respirarem fundo antes de dizerem o que quer que seja. Talvez
consigam até dizer alguma coisa que mostre a admiração que sentem um pelo outro.