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9.3.15

PONTOS FRACOS DE UMA RELAÇÃO


Há momentos em que a pessoa que mais amamos no mundo diz qualquer coisa ou faz um gesto que nos magoa brutalmente. Aparentemente, não é nada extraordinário. E o mais provável é que ele(a) olhe para a nossa reação com estupefação, como se não conseguisse compreender porque é que nos sentimos tão tristes ou tão enraivecidos. Isso é o que acontece quando a pessoa por quem nos apaixonámos toca num dos nossos pontos fracos, aquelas vulnerabilidades de que nem sempre temos consciência e que estão associadas a fragmentos do nosso passado. Refiro-me a situações da infância ou de relações amorosas anteriores em que as nossas necessidades afetivas foram ignoradas, desvalorizadas ou desprezadas, fazendo com que nos sentíssemos abandonados.

Quando a pessoa de quem gostamos – e de quem esperamos o melhor – diz ou faz qualquer coisa que nos relembre aquelas sensações, dói demais.


Tornamo-nos defensivos, fechamo-nos sobre nós mesmos ou preparamo-nos para contra-atacar. Quando nos fechamos, amuando, aquilo que estamos a tentar fazer é autoacalmar-nos da desilusão que acabou de ter lugar mas, na prática, este mecanismo de defesa acaba por ser quase sempre mais uma forma de elevar a escalada da discussão. É que o “tratamento de silêncio” acaba por ser sentido pelo outro como um castigo, enervando-o ainda mais e impossibilitando-o de ser solidário com aquilo que estamos a sentir. Quando “afiamos as garras”, numa reação claramente agressiva, ele(a) sente-se atacado(a) e também não consegue ajudar-nos.


Antes de mais, é importante perceber que AMBOS têm pontos fracos (ou feridas emocionais). Sim, o seu amor também fica mais sensível e vulnerável perante algumas coisas que você diz ou faz. É fácil perceber quando uma dessas feridas é tocada: das duas uma – ou a pessoa tem um ataque de fúria (que parece que veio ‘do nada’), ou instala-se um silêncio ensurdecedor.

Depois de uma situação em que as emoções estiveram claramente ao rubro é importante parar para tentar identificar aquilo que aconteceu. Experimente:

“Nesta situação aquilo que fez com eu me enervasse foi _____. À primeira vista eu sei que que mostrei _____. Mas lá no fundo eu senti _____ (tristeza, raiva, vergonha, medo). Aquilo que eu precisava era _____.”

Depois de tentar perceber aquilo que fez com que se descontrolasse, tente partilhar esta reflexão com o seu companheiro. Eu sei que não é propriamente fácil colocar-se numa posição tão vulnerável depois de um momento de tensão. Mas este é o caminho para que cada um conheça os pontos fracos do outro e – a dois – possam construir uma relação realmente íntima.
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