Por um lado, desejamos (quase)
todos um amor para toda a vida. Por outro, desesperamos com as estatísticas dos
divórcios (70 por cada 100 casamentos). Será que os casamentos felizes e
duradouros só estão ao alcance de alguns sortudos?
O meu trabalho como terapeuta de
casais é muito mais do que a resolução de problemas. Na verdade, quando olho
para um casal em dificuldades procuro focar-me naquilo que caracteriza os
casais felizes. O que é que eles têm e que falta aos casais em crise? As
investigações nesta área têm sido claras:
1. CONHECER
BEM A PESSOA QUE ESTÁ AO NOSSO LADO.
Quase todos os casais que me
procuram estão convencidos de que se conhecem bem... Até serem confrontados com
algumas perguntas específicas. Então, começam a dar-se conta de que há questões
para as quais a resposta tende a ser “Não sei… Nunca tinha pensado nisso”. Pelo
contrário, os casais felizes mostram um elevado conhecimento mútuo. Eles
assumem uma constante postura de curiosidade mútua, que lhes permite
manterem-se a par dos interesses, dos sonhos, das conquistas e das frustrações
de cada um. Sabem como agradar (porque se conhecem bem). Sabem o que oferecer
nas datas especiais (porque se conhecem bem). Sabem o que é que pode magoar
(porque se conhecem bem).
2. ESTAR
“LÁ” PARA ELA.
Ao longo do dia cada um de nós
faz vários apelos à pessoa de quem gosta. Fazemo-lo instintivamente, sempre à
espera que ele(a) preste atenção e responda carinhosamente. Fazemo-lo quando, à
chegada a casa, dizemos “Nem imaginas o que me aconteceu hoje no trabalho…”, à
espera que o mais-que-tudo desvie os olhos do iPhone “só” para nos ouvir com
atenção. Ou quando, no meio do supermercado, perguntamos “Será que ainda há lá
arroz?”. Neste caso, se a pessoa de quem gostamos se limitar a encolher os
ombros numa atitude que está mais para “Quero lá saber” do que para “És
importante para mim”, sentimo-nos ignorados.
Estar “lá” para a pessoa amada
não é dizer sim a tudo o que ela peça. Não é ceder a todos os caprichos. É
prestar atenção. É estar disponível.
Há 3 formas de gerir os apelos do
mais-que-tudo:
Estando “lá”.
Ignorando (silêncio, encolher os ombros).
Desprezando (revirar os olhos, gritar, responder de forma agressiva).
Ignorando (silêncio, encolher os ombros).
Desprezando (revirar os olhos, gritar, responder de forma agressiva).
3. MOSTRAR
ADMIRAÇÃO
Já reparou na forma como uma
pessoa que se tenha apaixonado há pouco tempo fala da pessoa de quem gosta? São
só elogios. Elogios à forma física (mesmo que não se trate de nenhum Top
Model). Elogios à sua inteligência (mesmo que não se trate de nenhum Prémio
Nobel). Quando nos apaixonamos focamo-nos no que a pessoa tem de melhor. Claro que,
com o tempo, apercebemo-nos de que ele(a) também tem defeitos (quem é que não
tem?).
Os casais felizes conhecem bem os
defeitos de cada um. Mas escolhem continuar focados nas qualidades. Sentem-se
gratos e mostram a admiração que sentem. Isso não significa que “fechem os
olhos” aos erros, às falhas e aos defeitos. Eles conhecem-se bem, lembra-se?
Quando uma pessoa se casa, “escolhe”
um determinado conjunto de defeitos. E aprende a viver com eles. Os casais
felizes também discutem. Também se zangam. Mas dão muito mais importância ao
que cada um tem de melhor.