Que importância tem o sexo numa
relação? Será que é possível ter uma relação feliz e duradoura sem sexo? E o
que é que é preciso fazer para melhorar a vida sexual? Se olharmos para as
capas de algumas revistas, as respostas parecem óbvias. A quantidade de artigos
sobre sexo parece indicar que esta é a área mais importante da vida de um
casal. Mais: na maior parte das vezes aquilo que nos é transmitido é que é
fundamental “apimentar” a relação, sob pena de as coisas desmoronarem. É como
se a ameaça da infidelidade e do divórcio tivesse de ser combatida com a
constante inovação na intimidade sexual. Mas será que é mesmo assim? Será que
uma relação só está segura se estivermos constantemente disponíveis para experimentar
novas posições e acessórios? Será que um homem ou uma mulher devem mostrar-se
disponíveis para o sexo mesmo quando não estão para aí virados?
Trabalho com casais há 15 anos e,
em função disso, há algumas conclusões que me parece importante partilhar:
- Os casais que estão felizes e que têm uma vida sexual preenchida NÃO atribuem a sua satisfação às sugestões da comunicação social. Leu um artigo que recomendava que você e o seu companheiro experimentassem fazer amor em cima da máquina de lavar na altura da centrifugação? Experimente… se quiser rir um bocado (ou arranjar uma lesão qualquer).
- O sexo é MUITO importante numa relação. Sexo é prazer, sim. Mas também é ligação. Quanto mais nos sentirmos ligados à pessoa de quem gostamos, mais sexo queremos ter. Isso não significa que os membros do casal estejam SEMPRE em sintonia. Não estão.
- Para que nos sintamos satisfeitos sexualmente, é preciso que consigamos construir uma conexão emocional. Precisamos de sentir que a pessoa que está ao nosso lado se preocupa com aquilo que sentimos, que dá importância às nossas necessidades afetivas.
- Os casais que se mostram mais atentos aos sentimentos de cada um, que se expõem emocionalmente e que se mostram mutuamente disponíveis têm mais e melhor sexo do que o resto das pessoas.
- Ao contrário do que acontece nas telenovelas e nos filmes, a maior parte dos casais passam por períodos de desconexão e de menor frequência sexual. Há períodos de maior cansaço. Há alturas em que um se sente fisicamente doente. Os casais felizes e sexualmente satisfeitos falam abertamente sobre isso.
- A vida sexual dos casais felizes NÃO é uma sinfonia em que ambos atinjam SEMPRE o orgasmo (e em simultâneo). Às vezes o sexo é fogo e a mera busca do orgasmo. Noutras vezes há mais tempo para as carícias e para explorar a sensibilidade de cada um.
- A maior parte dos problemas no sexo são, na verdade, problemas de comunicação. Quando pelo menos um dos membros do casal não se sente seguro (não tem a certeza de que o outro esteja realmente “lá” para si), é muito mais provável que haja mau sexo.
- Quando tudo corre mal e a relação deixa de estar segura os homens tendem a atribuir ainda maior importância ao sexo, como se essa fosse a grande prova de amor que os faz sentir seguros. As mulheres, pelo contrário, sentem muito mais dificuldade em entregar-se de um ponto de vista sexual quando não se sentem seguras emocionalmente.
- Para ter bom sexo é preciso estar disponível para FALAR sobre aquilo de que cada um gosta e sobre aquilo de que cada um não gosta. Os casais mais felizes falam sobre as suas fantasias e às vezes colocam-nas em prática. Mas isso não significa que, para que um sinta prazer, o outro tenha de se sujeitar a tudo.