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20.5.15

COMO É QUE SE CONSTRÓI UMA RELAÇÃO SEGURA?


Boa parte dos casais que pedem a minha ajuda estão convencidos de que o seu problema tem um nome: Comunicação. “Problemas de comunicação”. É assim que muitos homens e mulheres olham para as dificuldades conjugais. E se é verdade que, na esmagadora maioria dos casos, existem dificuldades de comunicação, de um modo geral esse não é “o” problema. Os problemas de comunicação são uma das consequências do problema. Como assim? Eu explico: imagine que o seu filho é violentamente agredido por um colega e que, em resposta a essa agressão, empurra furiosamente a outra criança. Se você entrar no quarto e assistir apenas ao empurrão, é provável que olhe para o comportamento do seu filho como “o” problema e procure “resolvê-lo” chamando a atenção da criança. Estará, como é óbvio, a ignorar o verdadeiro problema.

As dificuldades de comunicação – os amuos, os gritos, os ataques e o descontrolo – são aflitivas, sim. Mas são apenas a resposta (instintiva) aos reais problemas. E as reais dificuldades têm outro nome: Intimidade. Quanto uma pessoa não se sente segura na relação, quando não há a intimidade emocional que deveria existir, o medo instala-se e as dificuldades de comunicação surgem.


Podemos ser as pessoas mais assertivas do mundo, usar um tom de voz calmo e não amuar nem atacar nunca. Isso valer-nos-á de muito pouco se não formos capazes de construir uma ligação segura com a pessoa que amamos.

E o que é que caracteriza – então – uma relação segura? O que é que os casais felizes têm e que possa ser chamado de “Intimidade Emocional”? Resumidamente, é uma questão de prestar atenção e procurar responder com afeto às necessidades da pessoa de quem se gosta. Se voltarmos à metáfora das crianças é mais fácil perceber do que se trata: prestar atenção implicaria NÃO agir impulsivamente, e PERGUNTAR à criança por que estava a empurrar o amiguinho. Isto é, implicaria QUERER SABER, assumir uma postura de curiosidade genuína. Responder com afeto implicaria ACOLHER as emoções da criança (neste caso, a tristeza por ter sido violentamente agredida), ainda que posteriormente houvesse uma chamada de atenção em relação à sua resposta. Responder com afeto é dizer “TENS RAZÃO para te sentires assim”. É dizer “TENS O DIREITO de te sentires assim”. É dizer “ESTOU SOLIDÁRIO(A) com o teu sofrimento”. É estar “lá”.

Numa relação amorosa também é isto que buscamos: a sensação constante de que a pessoa de quem gostamos presta atenção àquilo que sentimos e responde com carinho aos nossos pedidos de ajuda.


Mas são muito mais as vezes em que os apelos de um são acolhidos pelo outro do que as alturas em que esses apelos são ignorados ou desprezados.
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