O que é que é preciso fazer para
que uma relação não esmoreça? Toda a gente ouve e diz que é preciso investir
diariamente, que é preciso alimentar a relação. Mas como é que isso se faz? Que
comportamentos é que devemos manter se quisermos que o amor continue a dar
certo?
GESTOS DE AFETO. No início parece fácil. Estamos sob a tempestade
hormonal associada à paixão e praticamente não fazemos outra coisa o dia
inteiro. Beijar, abraçar, acarinhar ou pura e simplesmente tocar na pessoa de quem
se gosta é uma necessidade. Mas os casais que estão juntos há muito tempo nem
sempre se lembram da importância do toque. Muitas vezes lamentam-se dizendo que
não têm tempo para nada. Mas há sempre tempo para mimar, há sempre tempo para
mostrar através do toque o quanto se gosta de alguém. E esta é a forma mais
clara (e fácil) de fazer com que uma pessoa se sinta amada.
ASSUMIR UM COMPROMISSO A DOIS. Se há um que precisa de perder peso,
por que não vão os dois para o ginásio? Se um gosta de ir ao estádio ver o seu
clube jogar, por que não fazê-lo a dois?
É, sobretudo, ser capaz de fazer
escolhas SÓ para agradar à pessoa de quem se gosta. Ora cede um, ora cede o
outro. Estes compromissos criam a certeza de que há um “nós” e essa sensação é
impagável.
REVISITAR MEMÓRIAS (POSITIVAS). Numa altura em que quase todos os
telemóveis permitem tirar e partilhar fotografias, já não é preciso tirar o pó
aos álbuns fotográficos para revisitar memórias positivas a dois. Rever
fotografias de casal/ de família ajuda a prolongar a sensação de que, apesar
das dificuldades, tudo vale a pena. É especialmente terapêutico fazê-lo depois
dos momentos de maior tensão/ desconexão.
ENVIAR SMS AO LONGO DO DIA. A maior parte das pessoas que conheço
trabalham muitas horas por dia. Tanto, que às vezes é difícil aguentar a
pressão sem desanimar. Não sendo viável ligar à pessoa de quem gosta de cada
vez que acontecer alguma coisa importante, é possível recorrer às mensagens
escritas. Esteja atento(a) à vida do seu parceiro. Não espere que ele(a) se
queixe. Envie SMS (ou e-mails) a perguntar se aquela reunião que lhe tirou
horas de sono correu bem. Elogie de forma clara e recorrente. Seja um porto de
abrigo.
ASSUMIR AS DIFERENÇAS. Para que uma relação dê certo, não é preciso
que duas pessoas sejam almas gémeas. Muitas vezes há um que precisa/ gosta
muito de conversar e há outro que valoriza o silêncio e que, no final de um dia
de trabalho, quase só fala por monossílabos. Para evitar a sensação de
abandono/ rejeição é preciso assumir que as diferenças são isso mesmo: apenas
diferenças.
Claro que para aí chegar pode ser
preciso que cada um exponha com calma e honestidade aquilo de que precisa e
aquilo que é capaz de dar. O importante é que cada um continue a sentir-se
seguro, valorizado e acarinhado.
ESTAR “LÁ”. Se eu tivesse de dar uma sugestão – e apenas uma – aos
casais com quem trabalho, seria esta. Quando uma pessoa se esforça por estar
“lá” nos momentos importantes da vida da outra, é muito mais provável que ambos
se sintam felizes, amparados, seguros. Mas o que é que isto quer dizer?
Significa que é preciso parar o piloto automático e questionar-se sobre o que é
importante para o outro. Significa que, de vez em quando, é importante
interrogar-se sobre a possibilidade de estar a ignorar/ desvalorizar acontecimentos
significativos para a pessoa de quem gosta. No dia-a-dia nem sempre é fácil
estar “lá” – há vitórias da pessoa amada a que não damos o devido valor e há
momentos difíceis em que não damos todo o apoio que ela merece. Prestar
atenção, querer saber, colocar perguntas e criar espaço – todos os dias – para
que a outra pessoa se sinta ouvida é imprescindível para que a relação continue
a dar certo. Experimente, por exemplo, criar o ritual de conversar ao final do
dia sobre os altos e baixos da jornada de cada um.
RECONHECER OS PONTOS SENSÍVEIS. Para uns é a sogra. Para outros é o
dinheiro. Ou a política. Há pessoas que se sentem muito tristes/ ameaçadas/
amedrontadas quando se confrontam com queixas ou críticas ao comportamento da
sua família alargada. Há casais que raramente se entendem a propósito de
religião. Vá com calma. Reconheça os seus próprios pontos fracos, os assuntos
que o(a) deixam mais tenso(a). Às vezes mais vale parar a discussão a tempo,
tentar entender aquilo que está a sentir, tentar colocar-se na posição da
pessoa de quem gosta e aceitar que – naquele momento – não vão chegar a um
consenso.