As discussões são a parte mais
difícil de uma relação. Algumas discussões doem tanto que há quem me peça ajuda
“só” para parar de discutir ou, pelo menos, diminuir a intensidade das
discussões. Muitos perguntam:
E as minhas respostas são sempre
as mesmas. Os casais felizes discutem. E às vezes discutem de forma muito
intensa. Dói sempre. Mas faz parte.
Discutir – mesmo que de forma
intensa – é saudável. É o que mostra a minha experiência clínica e é o que
mostram as investigações nesta área. Para dizer a verdade, são os casais que
nunca discutem que mais me preocupam. Porquê? Porque, de um modo geral, isso é
indicador de que pelo menos uma das pessoas está a ter demasiado cuidado, como
se não se sentisse suficientemente segura para se expor.
Mas se é verdade que os casais
felizes discutem, toda a gente sabe (ou calcula) que não o façam da mesma
maneira que os casais que acabam por divorciar-se. É por isso que tantas vezes
me deparo com a pergunta:
Há, pelo menos, 3 ‘regras’ para
discutir de forma saudável. O problema é que NENHUMA DELAS FUNCIONA:
1. MANTENHA A CALMA. Quantas vezes
já leu/ ouviu esta recomendação? Quantas vezes funcionou? Pedir-lhe (a si ou ao
seu parceiro) para manter a calma durante uma discussão é mais ou menos como
pedir a alguém que salte de paraquedas ao mesmo tempo que lê o manual de
instruções – não vai resultar! É demasiado tarde. Se há discussão, é porque as
pessoas já estão demasiado enervadas.
2. CENTRE-SE NUM ÚNICO ASSUNTO E
PROCURE SER RAZOÁVEL. Se uma pessoa estiver stressada ao ponto de estar a
discutir com o amor da sua vida, isso significa que já não há disponibilidade
mental para ser razoável. A pessoa está demasiado acelerada, alarmada. Mais:
muitas vezes o assunto que está a ser discutido não é o verdadeiro problema.
Quantas vezes deu por si envolvido(a) numa discussão e só mais tarde conseguiu
perceber o motivo? A minha experiência mostra-me que um casal pode ter uma
discussão intensa sobre o facto de uma das pessoas não ter aspirado a casa
quando, na realidade, o que a outra pessoa precisa é de saber se pode depender
emocionalmente do parceiro.
3. FAÇA UMA PAUSA. Quem é que lida
bem com a retirada do parceiro quando está a reclamar/ discutir? Há alguém que
não se sinta ignorado quando o mais-que-tudo opta (com a melhor das intenções)
por sair de cena? O cenário mais que provável é um dos ‘clássicos’ que chegam
ao meu gabinete: há um que procura ‘acalmar’ a situação tentando sair de cena e
há outro que procura ‘acalmar’ a sensação de abandono correndo atrás e (aparentemente)
querendo manter a discussão.
Não transformar a discussão numa guerra. Discutir dói mas faz
parte. Você e o seu parceiro até podem dizer (várias) coisas da boca para fora.
É natural que se sintam magoados. Mas isso não tem de implicar que você ESCOLHA
fazer mal ao seu parceiro.
Não querer “ganhar” a discussão”. Pergunte a si mesmo: “Eu quero
ter razão ou quero ter uma relação?”. Prestar atenção ao que o seu parceiro
sente pode não ser viável durante a discussão. Mas fazê-lo a posteriori ajudá-los-á a reencontrar a harmonia.
Não insultar. Não ameaçar. O grande problema das pessoas que se
habituam a ultrapassar estas barreiras é que elas estão convencidas de que
quando o fazem, isso não tem qualquer impacto no parceiro. Não poderiam estar
mais longe da verdade. Quando uma pessoa chama nomes ao mais-que-tudo ou ameaça
terminar a relação, provoca IMENSA dor. Mais: depois disto a outra pessoa já
não é capaz de escutar os seus apelos e muito menos dar resposta às suas
necessidades.
Tentativas de reparação. São o “ingrediente secreto” dos casais
felizes. Mais do que o comportamento DURANTE as discussões, é o comportamento
DEPOIS das discussões que verdadeiramente distingue os casais felizes daqueles
que acabam por divorciar-se.
1. Encha-se
de coragem e tente fazer as pazes.
2. Se o seu parceiro der o primeiro passo, coloque o “orgulho de lado” e mostre a sua vontade de fazer as pazes.
3. Aproveite o momento para falar sobre os seus sentimentos e NÃO sobre o comportamento do seu parceiro.
4. Procure “dar razão” ao seu parceiro acolhendo os seus sentimentos. A ideia NÃO é concordar com o que ele(a) fez e sim tentar compreender o que ele(a) sente.
5. Olhe para o seu comportamento durante a discussão. O que é que você fez/ disse que possa ter assustado o seu parceiro? O que é que pode fazer para o ajudar a voltar a sentir-se seguro? Ele(a) também errou mas não há nada que o impeça de dar o primeiro passo no reconhecimento dos erros.
2. Se o seu parceiro der o primeiro passo, coloque o “orgulho de lado” e mostre a sua vontade de fazer as pazes.
3. Aproveite o momento para falar sobre os seus sentimentos e NÃO sobre o comportamento do seu parceiro.
4. Procure “dar razão” ao seu parceiro acolhendo os seus sentimentos. A ideia NÃO é concordar com o que ele(a) fez e sim tentar compreender o que ele(a) sente.
5. Olhe para o seu comportamento durante a discussão. O que é que você fez/ disse que possa ter assustado o seu parceiro? O que é que pode fazer para o ajudar a voltar a sentir-se seguro? Ele(a) também errou mas não há nada que o impeça de dar o primeiro passo no reconhecimento dos erros.