Sempre que duas figuras públicas
se separam levanta-se a hipótese de a relação ter chegado ao fim por falta de
tempo ou porque não foi possível conciliar as respetivas carreiras
profissionais com as exigências de um casamento. Como se fosse praticamente
impossível manter uma relação quando ambos trabalham de forma intensa. Afinal,
o que é que é preciso (fazer) para que o amor sobreviva aos constrangimentos
profissionais? O que é que os casais felizes de dupla carreira (incluindo
algumas figuras públicas bem conhecidas) fazem para manter o amor vivo e não
serem engolidos pelo trabalho?
CRIAR TEMPO A DOIS
O segredo não está só em criar
oportunidades para sair a dois. É preciso que haja compromisso. O que é que
isso quer dizer? Estes casais precisam de encarar os momentos a dois com a
mesma seriedade e a mesma dedicação com que olham para os seus compromissos
profissionais. Alguns casais optam por incluir estes momentos na sua agenda
profissional e ESCOLHEM tratá-los como MUITO IMPORTANTES. Claro que isso
depende sobretudo do compromisso que forem capazes de assumir um com o outro.
E em que consistem estes
compromissos? Isso varia de casal para casal. Há pessoas que se comprometem com
saídas semanais que incluem jantar
fora e fazer uma noitada com o mais-que-tudo. Outras reservam algum tempo todas
as noites para ESTAR a dois. E mesmo que não haja nada para fazer, o
compromisso é gerido como importante.
Há também cada vez mais casais
que optam por comprometer-se com algumas
horas por semana sem telemóvel. Se ambos têm acesso ao e-mail e às redes
sociais através dos smartphones,
estes momentos 'sem rede' e sem obrigações podem ser a única forma de estar
'lá' por inteiro. E só assim é que as coisas continuam a fazer sentido.
BOA COMUNICAÇÃO
Um dos 'segredos' dos casais que
vivem felizes uma vida inteira são as conversas
diárias. Mais do que os presentes, a capacidade para resolver conflitos ou
a frequência das relações sexuais, é a comunicação no dia-a-dia que faz TODA a
diferença.
Os casais que continuam a querer
estar juntos esforçam-se por aceder ao mundo de cada um a um ritmo diário. Eles
não conversam muito sobre a própria relação.
Eles conversam muito sobre aquilo que mexe com cada um - sobre as
vitórias e as derrotas profissionais, sobre as birras das crianças, sobre o
processo de emagrecimento de um deles, sobre a multa que o outro apanhou e
sobre todas as ninharias do quotidiano.
A intenção é boa mas nada poderia
estar mais longe da realidade. Aquilo que mexe connosco -no trabalho ou noutra
área qualquer - deve ser partilhado com a pessoa que escolhemos para estar ao
nosso lado. Quando não o fazemos arriscamo-nos a permitir que, passado algum
tempo, sintamos que estamos casados com um estranho.
ATENÇÃO: Conversar sobre trabalho NÃO é ligar o computador todas as
noites e continuar a trabalhar. Também não é falar ininterruptamente e não
querer saber da vida do outro. É partilhar sem fazer da pessoa que está ao nosso lado um saco de pancada.
Não são só as conversas de final
de dia que caracterizam as relações felizes de dupla carreira. São as SMS enviadas imediatamente antes de uma
reunião importante a desejar boa sorte e a mostrar que, no meio de todos os
outros compromissos, há um que se destaca (a relação). São os telefonemas ao longo do dia para saber se está tudo bem ou para mandar um
beijinho (mesmo que durem 2 minutos). E também são os e-mails que se escrevem quando o outro está 'preso' no avião ou
numa reunião.
Quando uma pessoa escolhe
focar-se no que mexe com o outro e lhe dedica tempo e disponibilidade, constrói-se
uma sensação de pertença que faz com que tudo se torne mais fácil.
Ter uma boa comunicação também é
ser capaz de mostrar de forma clara a
admiração mútua e os casais felizes sabem disso. Isso significa que são
capazes de elogiar de forma clara os sucessos do companheiro, significa que
aplaudem mesmo quando o seu próprio percurso profissional está minado de stress
e desafios. Significa que continuam a dizer 'gosto de ti' e 'és importante para
mim' sob a forma de elogios sinceros.
ESTAR DE ACORDO EM QUESTÕES FUNDAMENTAIS
Filhos. Fronteiras com a família alargada. Saídas individuais com
pessoas do sexo oposto. Estas são algumas das questões que podem unir e
separar um casal. Não é preciso que um casal esteja sempre de acordo para ser
feliz. Mas é preciso que haja acordo em relação ao que é mais importante.
Quando os dois membros do casal valorizam a carreira e o tempo escasseia é
ainda mais importante parar para
conversar sobre o que aquilo que cada um espera do outro. É importante ter
a noção de que, para que a relação dê certo, ambos terão de fazer cedências
(porventura até em áreas importantes). Mas é crucial que cada um seja
absolutamente honesto (sobretudo consigo mesmo) a respeito daquilo de que não
está disposto a abdicar. Não adianta empurrar os assuntos difíceis para debaixo
do tapete na esperança de que, com o tempo, o companheiro possa mudar. Se há um
que quer ter filhos e o outro insiste em dizer que não quer, não é boa ideia
esperar que as coisas mudem.
Nenhuma relação está condenada ‘só’
porque os membros do casal não estão em sintonia nalguns pontos. Aquilo que é
preciso é que haja uma base comum, um ‘nós’.