Sabia que em Psicologia é
possível identificar diferentes ‘estilos’ de relacionamento? E que, de acordo
com a imagem que formamos de nós mesmos e dos outros, vamos construindo um
padrão de relacionamento? Conhecer o seu padrão pode ajudá-lo(a) a perceber
alguns dos seus comportamentos dentro da relação amorosa (e até noutras
relações afetivas). Conhecer os outros padrões pode ajudá-lo a compreender
melhor o seu mais-que-tudo e outras pessoas de quem gosta.
SEGURO
As pessoas que se encaixam neste
padrão de relacionamento são normalmente confiáveis e mostram comportamentos
muito consistentes. Por exemplo, são pessoas que tendem a tomar decisões a dois
e não de forma unilateral, levando em conta aquilo que o companheiro sente,
sentem-se à vontade para falar sobre os problemas da relação e não têm medo do
compromisso ou da dependência que uma relação amorosa pode gerar. Para elas, as
relações não são difíceis. De resto, tendem a mostrar facilidade em criar
proximidade com outras pessoas. São capazes de apresentar a família e os amigos
logo no início da relação, expressam os seus sentimentos de forma clara e, com
elas, não há ‘jogos’. Olham para as relações anteriores de forma realista e são
capazes de criticar o seu próprio comportamento. Nas situações potencialmente
geradoras de ansiedade recorrem com facilidade ao apoio dos outros e não olham
para o parceiro como o seu único suporte emocional.
DESINVESTIDO
Estas pessoas mostram uma grande
necessidade de manter a sua independência, pelo que muitas vezes mostram
relutância em ligar-se a pessoas que deem sinais de alguma dependência. Em
função disso, estão constantemente a enviar sinais ambivalentes: por um lado,
mostram interesse no companheiro e assumem que querem construir uma relação
mas, por outro, fazem questão de enfatizar os limites na relação. É como se
tivessem medo de que a relação as possa prejudicar ou de que o companheiro possa,
na verdade, querer tirar algum proveito. Curiosamente, estas pessoas também
podem ter uma visão muito romântica da vida a dois. Na prática, e em função dos
seus medos, impõem regras muito rígidas nas relações.
Muitas vezes assumem uma postura
hipercrítica – focando-se nas imperfeições do companheiro (forma como se veste,
forma como come, etc.). Algumas chegam mesmo a flirtar com outras pessoas, o
que acaba por naturalmente prejudicar seriamente a relação. Outras escolhem
sistematicamente relações sem futuro (relacionando-se, por exemplo, com pessoas
casadas).
PREOCUPADO
Estas pessoas vivem
constantemente alerta, constantemente preocupadas e, em função disso,
apercebem-se das mais pequenas mudanças no relacionamento. Muitas vezes olham
para essas mudanças como ameaçadoras. Assim, sempre que sentem que não têm
controlo sobre uma situação, tendem a catastrofizá-la e a tirar conclusões
precipitadas.
Estas pessoas valorizam tanto o
seu relacionamento e a pessoa que está ao seu lado que, na verdade, sentem que
seriam infelizes se estivessem sozinhas. Como não têm uma imagem muito positiva
de si mesmas, acham que têm de se esforçar permanentemente para agradar ao
outro e manter o seu interesse. O ciúme e a possessividade podem caracterizar
as suas relações.
AMEDRONTADO
Estas pessoas além de terem uma baixa
autoestima, temem que os outros não sejam dignos da sua confiança, pelo que
evitam relações de proximidade (embora as desejem). Protegem-se antecipadamente
da rejeição. São pessoas que dependem dos outros para manterem uma visão
positiva de si mesmas e essa necessidade de aprovação pode fazer com que se
tornem dependentes dos seus parceiros – mesmo que inicialmente tenham mostrado
muita hesitação em ligar-se. Ao contrário do que acontece com o padrão ansioso,
neste caso as pessoas não tendem a ir em busca do afeto do outro quando estão
tristes ou inseguras porque antecipam sempre a rejeição.
Aquilo que melhor caracteriza
estas pessoas é a vontade de se relacionarem acompanhada de hesitação provocada
pelo medo da rejeição e pelo medo do abandono. Na prática tendem a evitar
muitos relacionamentos mas, quando entram numa relação, tornam-se muito
dependentes.
P.S. A maioria das investigações nesta área sugere que estes
padrões de relacionamento são consistentes ao longo do tempo, mas há outras
pesquisas que mostram que, com o devido acompanhamento, qualquer pessoa pode
mudar de um padrão negativo para um padrão seguro. A minha experiência
mostra-me que cada pessoa pode dar passos para se tornar mais segura dentro da
sua relação amorosa.