A sua felicidade está
inteiramente dependente da sua relação amorosa? Acha que aquilo que sente pela
pessoa que está ao seu lado é tão forte que a simples ideia de esse amor acabar
é desesperante? Não imagina como seria a sua vida sem essa pessoa? Sente-se
dependente da aprovação dessa pessoa?
❥ É amor ou é dependência?
A nossa autoestima condiciona a
forma como nos ligamos às pessoas de quem gostamos. Algumas pessoas parecem
demasiado permeáveis à opinião do parceiro – como se só se sentissem bem quando
conseguem agradar. Pelo contrário, a simples ideia de gerar desagrado pode ser
desesperante. Mas é preciso ter cuidado quando falamos em dependência emocional
porque arriscamo-nos a fazer um juízo de valor desfasado da realidade.
Na prática, somos todos
dependentes emocionalmente de alguém, já que somos tão mais felizes na medida
em que existirem ligações afetivas sólidas com outras pessoas. Precisamos da
nossa família e dos nossos amigos para nos sentirmos tão seguros quanto
normalmente nos sentimos. Para algumas pessoas, infelizmente, essa rede de
suporte não é tão sólida, a insegurança é maior e o amor-próprio é praticamente
nulo. Há nestes casos uma espécie de “fome emocional” que deixa estas pessoas
mais vulneráveis à construção de relações afetivas menos saudáveis. Algumas
destas pessoas – mais mulheres do que
homens – estão tão fragilizadas em termos afetivos que tendem a projetar
numa relação amorosa todas as suas frustrações, ambições e necessidades. É como
se aquela relação não fosse apenas a mais significativa de todas e passasse a
ser a sua “razão de viver”. Canalizam para aí toda a sua energia, investem tudo
o que têm e muitas vezes sem esperar nada em troca, no sentido de não haver
exigências realistas.
Na prática, todos nós precisamos
de nos sentirmos amados para sermos capazes de gostar de nós mesmos. Mas esse
afeto pode resultar das mais diversas relações. Sermos capazes de construir
relações afetivas com amigos, por exemplo, é meio caminho para que possamos
construir relações mais saudáveis com um companheiro. É preciso aceitar que
nenhuma pessoa pode ser responsável pela nossa felicidade e não seria justo
depositar num companheiro amoroso essa missão. Então, há que investir noutras
frentes – noutros laços afetivos, na realização pessoal e profissional. E claro
que é preciso pedir ajuda especializada quando alguém se dá conta de que um
determinado padrão relacional está a trazer mais sofrimento do que outra coisa
qualquer.
❥ Há características de personalidade ou eventos de vida comuns às pessoas que sofrem de dependência emocional?
Há nestes casos alguns elementos
em comum. Falamos de mais mulheres do que homens (tanto, que nos habituámos a
ouvir falar de “mulheres que amam de mais”), falamos muitas vezes de pessoas
que passaram por experiências difíceis na infância – às vezes de abuso
emocional e violência; noutros casos de negligência afetiva.
Nalgumas situações estamos a
falar de mulheres que desde muito cedo (12-13 anos) se ligaram a um namorado na
tentativa de obter nessa relação aquilo que não obtinham em casa. Às vezes
falamos de relações muito fusionais, asfixiantes, em que as necessidades da
própria pessoa estão sistematicamente em segundo plano porque o que importa é
garantir a sobrevivência da relação.
Se se identifica com este padrão
de relacionamento, peça ajuda. Lembre-se de que para viver um grande amor é
fundamental tratar do seu amor-próprio.