A divisão das tarefas domésticas
é um dos primeiros testes à solidez de uma relação amorosa. Tanto que, se não
existir verdadeiro entendimento, este é um assunto que pode gerar muitos
conflitos aquando do nascimento do primeiro filho. Afinal, é nessa altura que
os afazeres se multiplicam, o sono escasseia e é relativamente fácil perder a
paciência com braços-de-ferro à volta de quem-fez-o-quê.
No fim de contas, o que é que funciona?
Esqueçamo-nos das regras bonitinhas das teorias sobre o trabalho de
equipa.
Como é que os casais reais (e felizes) dividem as tarefas domésticas?
1❥ DIGA NÃO AO 50/50
Para começo de conversa, é
preciso reconhecer que nem todos os casais felizes dividem as tarefas
domésticas. É verdade! Há cada vez menos famílias em que um dos membros do
casal fique em casa, abdicando de uma carreira profissional mas este modelo
familiar continua a subsistir. O importante a destacar é que não há realmente
uma fórmula que sirva para todos. Aquilo que faz a família “Silva” feliz não é
necessariamente o que contribui para a felicidade da família “Xavier”.
Claro que quando ambos trabalham
fora de casa é muito menos provável que as tarefas domésticas possam recair
totalmente sobre um dos membros do casal. Na maioria dos casos é preciso que
haja uma divisão harmoniosa para que ambos se sintam felizes. E o que é isso de
“divisão harmoniosa”? Para uns é qualquer coisa como “Ela limpa a cozinha e as
casas de banho; ele limpa a sala e os quartos”. Para outros é “Ela cozinha e
ele lava a loiça”. Mas para alguns casais aquilo que funciona é uma divisão
aparentemente mais desequilibrada, em que as tarefas domésticas recaem
maioritariamente sobre um. Porquê? Porque o outro trabalha muito mais horas
fora ou porque trabalha por turnos… ou por outro motivo qualquer.
2❥ DOSEIE AS EXPECTATIVAS
Precisamente porque há cada vez
mais casais de dupla carreira (o que implica que também haja mais homens a
participar nas tarefas domésticas), algumas mulheres partem para o casamento
com a expectativa de que o companheiro saiba/ queira fazer tudo em casa. Mais:
algumas têm mesmo a ambição de que o marido faça as tarefas de forma perfeita
(leia-se: à maneira da mulher).
Esperar que o seu companheiro
faça as tarefas domésticas à sua maneira é injusto e desajustado.
Para algumas mulheres aquilo que “funciona”
é um trabalho de equipa em que um coordena e o outro ajuda. Ou seja, a mulher
decide como é que as tarefas devem ser executadas, quando é que devem ser
executadas e por quem devem ser executadas. Ao marido competirá receber ordens
e, na maior parte das vezes, repreensões.
Dosear as expectativas é aceitar
que nem tudo seja feito da forma como gostaríamos. É reconhecer que, como em
tudo na vida a dois, para quem ambos ganhem é preciso que ambos cedam.
3❥ SEJA CRIATIVO
Quando foram viver juntos, o
Fernando e a Luísa decidiram que ambos tratariam da roupa lá de casa, sobretudo
porque se tratava de uma tarefa pela qual nenhum dos dois morria de amores. Mas
alguns meses depois aperceberam-se de que era ela que o fazia na maior parte
das vezes. Porquê? Porque a Luísa punha uma máquina a lavar sempre que se dava
conta de que havia peças suficientes para uma carga e o Fernando acabava por
fazê-lo quase sempre quando o cesto já estava quase a transbordar. Depois de
algumas conversas, perceberam que nem a Luísa estava na disposição de estar
sempre à espera que o cesto estivesse cheio, nem o Fernando gostaria de estar
sempre a verificar se já haveria peças em quantidade suficiente para encher uma
máquina. A solução pode não agradar a todos os casais mas funcionou para eles: passaram a ter dois cestos – um para a
roupa branca e outro para a roupa de cor – e cada um ficou responsável por um
cesto.
4❥ NÃO SEJA PRECONCEITUOSO
“O que é que os vizinhos vão pensar se virem um homem a estender a
roupa?” ou “Homem que é homem não anda de avental a limpar a casa” são
desculpas perfeitas para que as tarefas domésticas recaiam maioritariamente
sobre a mulher. E também são excelentes aceleradores para o divórcio. Os
estereótipos de género só servem para atrapalhar a sua vida. Na prática, só se
os membros do casal estiverem genuinamente felizes e unidos é que uma relação
pode continuar a dar certo. Se houver um que insista em continuar na idade da
pedra e esteja mais preocupado com o que as outras pessoas possam pensar, a
probabilidade de existirem sarilhos (isto é, afastamento progressivo) é muito
maior.
5❥ NÃO INVENTE DESCULPAS
“Tu cozinhas muito melhor do que
eu” até pode ser um comentário honesto de quem esteja disposto a aplicar-se
noutras tarefas domésticas – e há sempre tanto para fazer numa casa! O problema
é quando esta regra se aplica a… tudo. É evidente que continuam a existir
diferenças entre homens e mulheres, sobretudo em função da forma como foram
educados. E é provável que quando duas pessoas se juntam a mulher esteja mais
familiarizada com a maior parte das tarefas. Mas isso não deve ser desculpa
para que o trabalho não seja dividido.
Querer que uma relação dê certo
também é darmo-nos conta daquilo que podemos fazer para contribuir para o
bem-estar da pessoa que está ao nosso lado. Esperar que alguém seja feliz
quando se sente sobrecarregado é pouco inteligente e arriscado.