Ontem li no Facebook a notícia de
que uma figura pública portuguesa anunciou que está separada. A partilha foi
feita através do seu blog: a separação surgiu oito meses depois do casamento.
Nos comentários alguém escreveu que aquela relação não poderia ter sido amor
porque «o verdadeiro amor dá volta ao mundo e, se for preciso, ao universo»,
contrariando as palavras da atriz que, em comunicado, garantiu que casou
«apaixonada e por amor».
Ao ler aquelas palavras, não
pude deixar de questionar: o que é que caracteriza, afinal, o amor verdadeiro?
Aparentemente, para algumas
pessoas, longevidade é sinónimo de qualidade, como se um casamento de cinquenta
anos equivalesse SEMPRE a felicidade e satisfação conjugal. A verdade é que não
é preciso ser-se psicólogo ou terapeuta conjugal para reconhecer que há casais
que estão juntos há décadas e que são profundamente infelizes.
Conheço a sensação de falhanço, a
tristeza associada ao fim de um projeto em que investiram tanto, o luto por que
quase todos passam. Ouço-os falar sobre as mágoas, sobre as feridas que não
saram, sobre as diferenças que se tornam insustentáveis, apesar de tudo o que
um dia os uniu. Mas também os ouço, quase sempre, falar sobre o amor que,
tantas vezes durante anos, os fez acreditar que poderia ser para sempre.
Nem todas as pessoas se casam por
amor. Nem todos os casamentos acontecem depois de a ativação fisiológica
característica da paixão dar lugar a um amor maduro e resiliente. Nem todos os
amores duram para sempre. Mas isso está longe – tão longe! – de significar que,
quando uma relação chega ao fim, é porque não houve «amor verdadeiro».