Quando escrevi o livro “OS 25
Hábitos dos Casais Felizes”, dividi-o em 5 partes. São 5 áreas da vida a dois
que, segundo a ciência, nos ajudam a perceber em que circunstâncias é que uma
relação tem maior probabilidade de dar certo.
O que é que os casais felizes fazem
pela relação? E o que é que não fazem?
O QUE ELES FAZEM:
DESEJAR A FELICIDADE DO OUTRO
Amar alguém é fácil. Difícil é
prestar muita atenção aos seus desejos, às suas vontades e sair da nossa zona
de conforto só para que essa pessoa seja feliz. No princípio, condicionados
pela ativação fisiológica da paixão e pelo medo da perda, fazemos este mundo e
o outro para agradar à pessoa de quem gostamos. Mas à medida que o tempo passa
e nos sentimos mais seguros é mais fácil centrarmo-nos em nós, nos nossos
objetivos e tentarmos que a pessoa que está ao nosso lado se vá adaptando aos
nossos sonhos.
É preciso ceder, abdicar e lutar
por aquilo que traz felicidade à pessoa amada.
O QUE ELES NÃO FAZEM:
TENTAR MUDAR O OUTRO
«Gosto de ti mas…» não chega.
«Gosto de ti mas gostava de mudar quase tudo» é meio caminho para o insucesso.
Quando escolhemos alguém para estar ao nosso lado, escolhemos um “pacote de
defeitos”, um conjunto de hábitos e características enervantes com que sabemos
que vamos conseguir viver. E esperamos que a pessoa que amamos nos aceite tal
como somos… com todas as nossas imperfeições. É legítimo que nos queixemos de
alguns hábitos e é saudável que assumamos algumas mudanças em nome de um bem maior,
o nosso amor. Mas se der por si a querer que a pessoa de quem gosta mude uma
série de coisas, é melhor parar para refletir. Querer moldar a pessoa que está
ao seu lado (e inundá-la) de queixas é frustrante, infrutífero e gerador de
muito desgaste.
O QUE ELES FAZEM:
TOCAM-SE COM FREQUÊNCIA
Gostar do interior de uma pessoa
não chega. Para que uma relação dê certo, é preciso gostar daquilo que os olhos
veem, é preciso que haja atração física e é preciso que o amor se manifeste sob
a forma de gestos.
Beijam-se, acarinham e apalpam-se
com regularidade. Às vezes de forma ternurenta, outras vezes de forma
apaixonada. Às vezes um beijo é só um
beijo. Noutras alturas um beijo é o princípio da intimidade sexual. Os casais
felizes não estão sempre em sintonia – são pessoas de carne e osso, não são
personagens de ficção – mas estão muitas vezes atentos ao outro e mostram-no
através do toque.
O QUE ELES NÃO FAZEM:
DESPREZAR AS TENTATIVAS DE APROXIMAÇÃO
Poucas coisas doem mais do que a
rejeição. Quando mostramos o nosso amor, esperamos que a pessoa de quem
gostamos retribua. Se, em vez disso, ela nos der um “chega p’ra lá”, é natural
que nos sintamos magoados. Se isso acontecer depois de uma discussão, a
sensação de humilhação e desamparo é ainda maior. Não é fácil aceitar um beijo
ou um abraço quando (ainda) estamos magoados. Mas é ainda mais difícil colocar
o orgulho de lado, tentar fazer as pazes e sentir o peso da rejeição. Andar de
mãos dadas ou trocar um beijo depois de uma zanga não é dizer «Tens razão». É
dizer «O nosso amor é mais importante do que qualquer zanga».
O QUE ELES FAZEM:
CONVERSAR DIARIAMENTE
Quer façam duas ou três
consultas, quer façam dez, todos os casais com quem trabalho aprendem a
reconhecer a importância de se manterem ligados através do ritual diário das
conversas a dois. Estas atualizações de final de dia funcionam mais ou menos
como as atualizações de software dos nossos telemóveis e computadores: são
essenciais para que tudo funcione. Os casais felizes não estão sempre a
conversar sobre a sua relação. Não fazem planos diários sobre o romantismo do
relacionamento. Na maior parte dos dias as conversas são bem mundanas. Dar importância
ao que o outro diz, ao que mexeu com ele num determinado dia, também é dizer
«Gosto de ti. Preocupo-me contigo».
O QUE ELES NÃO FAZEM:
IGNORAR O OUTRO
É cada vez mais fácil fixarmo-nos
nos iPhones e afins ao mesmo tempo
que verbalizamos «Podes falar. Estou a prestar atenção». Imagino como seria ir
a uma consulta de Psicologia e encontrar um terapeuta vidrado no seu smartphone. Os casais felizes não
desligam a televisão e o wifi todas as noites. Têm telemóveis e colecionam
instantes de alguma desconexão. MAS reconhecem a importância de prestar atenção
ao que o outro diz, sabem que há alturas em que é preciso conversar olhos nos
olhos e não passam dia nenhum sem que isso aconteça.
O QUE ELES FAZEM:
ZANGAR-SE
Já há poucas pessoas que
acreditem que é possível construir uma relação sem zangas. De uma maneira
geral, quase toda a gente sabe que o conflito faz parte das relações mais
íntimas. O que pode ser difícil é perceber que há formas mais inteligentes de
discutir do que outras. As zangas são uma parte importante de uma relação a
dois – elas mostram intimidade e, de uma maneira geral, são oportunidades de
crescimento a dois. Os casais felizes zangam-se porque se expõem na medida
certa sem que isso implique desrespeito ou violência. Mas também sabem fazer as
pazes e escolher as batalhas a travar. Isso significa, por exemplo, que sabem
tolerar e que não discutem por tudo e por nada.
O QUE ELES NÃO FAZEM:
DISCUTIR DE FORMA PERIGOSA
Há alguns anos o professor John
Gottman identificou aquilo que ficou conhecido como os 4 CAVALEIROS DO
APOCALÍPSE, isto é, os 4 erros que rapidamente podem levar um casal à
separação:
Amuar. (Quase) toda a gente já amuou. O amuo é um sinal de
tristeza, de desapontamento. Mas também é um castigo para a pessoa que está ao
nosso lado. Não é por acaso que lhe chamo o “tratamento do silêncio”.
Desprezar. Poucos sinais dizem tanto sobre o afastamento de duas
pessoas como o revirar de olhos. Quando um dos membros do casal sente (e
mostra) desprezo pelo outro, esse é um sinal de alarme. Desconsiderar os
sentimentos e os interesses da pessoa que está ao nosso lado não é amá-la
verdadeiramente.
Arranque ríspido. A expressão “ferver em pouca água” é aquela que
melhor descreve este hábito. Se uma pessoa mal abre a boca e leva imediatamente
com a fúria da outra, o mais provável é que se sinta atacada, diminuída,
desamparada. Às vezes é importante parar para ser capaz de fazer uma queixa sem
que o outro seja maltratado.
Hipercrítica. Os casais felizes queixam-se… de vez em quando. Não
apontam todos os erros, não agarram todas as oportunidades para emendar aquilo
que acham que está errado. Inundar a pessoa que está ao nosso lado de críticas
é centrarmo-nos apenas nos nossos interesses. E isso tem muito pouco a ver com
uma relação feliz.
O QUE ELES FAZEM:
CONSTRUIR UM “NÓS”
Viver um dia de cada vez, sem
rumo definido, pode ser aliciante. Mas, de uma maneira geral, ao fim de algum
tempo sentimo-nos fartos, desnorteados. A maior parte das pessoas sentem-se
indiscutivelmente mais felizes (e seguras) se existir um rumo. Numa relação é
muito importante que, a par dos sonhos e da individualidade de cada um, haja
objetivos a dois. A existência de um projeto a dois – que pode incluir filhos,
viagens, desenvolvimento espiritual ou quaisquer outras metas – traz a sensação
de pertença. No dia-a-dia os casais felizes alimentam o “Nós” em pequenos
gestos – através de cedências, da partilha de bens materiais e de rituais familiares.
O QUE ELES NÃO FAZEM:
OLHAR PARA O OUTRO COMO UM PERSONAGEM
É muito fácil fechar os olhos e
sonhar. Imaginarmo-nos no sítio X, ao lado da pessoa de quem gostamos, dar nome
aos filhos que gostaríamos de ter, decorar mentalmente a casa dos nossos sonhos
e por aí fora. E a outra pessoa? Que sonhos tem? Onde gostaria de viver? Que
viagens gostaria de fazer? Que nome gostaria de dar aos filhos? Construir
mentalmente um filme perfeito em que a pessoa de quem gostamos é apenas um
personagem é meio caminho para que ela se sinta desconsiderada. Para que uma
relação dê certo, é preciso prestar muita atenção, é preciso ceder. É preciso “perder”
de vez em quando para que se possa ganhar.
Ainda não tem
o livro OS 25 HÁBITOS DOS CASAIS FELIZES?