Pelo meu gabinete já passaram
muitos profissionais de sucesso e pessoas habituadas a serem vistas como
“animais sociais” que, na verdade, têm sérios problemas de autoestima. Há quem
confunda autoestima com popularidade, boa aparência física ou sucesso
profissional mas uma pessoa com uma boa
autoestima é, sobretudo, alguém que gosta de si mesmo apesar de todas as falhas
e imperfeições. E se é óbvio que esta capacidade de aceitação se traduz
normalmente numa postura mais otimista e mais frutuosa em termos sociais e
profissionais, também é importante salientar que há muito boa gente que
aparenta gostar de si mesmo e que, em privado, sofre com baixa autoestima.
As pessoas com uma boa autoestima
sentem-se bem na sua pele, valorizam-se na medida certa, orgulham-se das suas
capacidades e das metas atingidas. Reconhecem que não são perfeitas e conhecem
os seus defeitos mas não permitem que estes tenham um peso irracional sobre as
suas vidas.
COMO É QUE ALGUÉM PODE
MELHORAR A AUTOESTIMA?
1. FAÇA UMA LISTA. OU
MELHOR, DUAS.
Ninguém pode melhorar se não se
conhecer realmente bem. Pegue numa folha e faça duas listas: identifique 10
qualidades e 10 defeitos que o definam. Se tem baixa autoestima, é provável que
sinta alguma dificuldade em identificar as qualidades. Pense naquilo que as
outras pessoas costumam dizer sobre si, nos elogios que fazem (e em que você
nem sempre acredita).
2. DEFINA METAS
(REALISTAS).
Olhe para a lista de defeitos e
defina os seus objetivos. Comprometa-se publicamente com essas mudanças. Por
exemplo, se quiser perder peso, fale com os seus familiares e amigos,
dando-lhes a conhecer o seu plano. Mas não exagere: esqueça as comparações com outras pessoas e defina passos
concretizáveis.
3. ACEITE AQUILO QUE
NÃO FOR CAPAZ DE MUDAR.
Seja genuinamente gentil consigo
– tanto quanto, provavelmente, conseguiria ser com qualquer outra pessoa à sua
volta. Não fuja de nenhuma das suas falhas. Tente praticar a aceitação.
4. MEDITE.
Há cada vez mais estudos que
comprovam a eficácia da meditação em modo mindfulness
na elevação do nosso bem-estar. Parar, de propósito, para prestar atenção ao
momento presente com estes exercícios ajudá-lo-á a aceitar aquilo que não
controla e a olhar para a sua vida de uma forma mais positiva.
Ouço muitas vezes frases como «Eu
não tenho jeito para meditar» ou «Eu não consigo meditar», que
traduzem sobretudo desconhecimento e algumas ideias feitas sobre esta
ferramenta terapêutica. A verdade é que a meditação mindfulness não tem nada de
esotérico ou religioso e também não requer propriamente esforço ou alguma capacidade
especial. Para meditar, basta que tiremos alguns minutos por dia (todos os
dias) e que observemos o momento presente.
Partilho aqui uma meditação
guiada, com a duração de 10 minutos, que pode fazer toda a diferença para quem
procura acalmar a mente e eliminar os pensamentos negativos:
Lembro que é a prática regular que traz frutos. Da mesma maneira que precisamos de ir ao ginásio com regularidade para desenvolver os nossos músculos, é crucial que nos disciplinemos para trabalhar o “músculo” do cérebro.
5. ARRUME(-SE).
Já reparou no efeito que uma casa
arrumada provoca em nós? Sentimo-nos mais calmos, mais bem-dispostos e até mais
criativos. Estabeleça rotinas que lhe permitam manter o seu espaço (pessoal e
profissional) organizado. Aproveite e implemente rotinas que o ajudem a cuidar
do seu corpo: faça exercício físico com regularidade, alimente-se bem e dê
prioridade ao seu sono. Se não é usual praticar exercício, aceite o facto de,
pelo menos numa fase inicial, não sentir grande prazer com essa atividade.
Discipline-se e… dê tempo. O mais provável é que comece a ver resultados e
passado algum tempo perceba que as endorfinas que liberta enquanto faz desporto
o ajudam a sentir-se muito melhor.
6. PRESTE ATENÇÃO ÀS
REDES SOCIAIS.
Quantas vezes dá por si a dizer a
alguém que são só mais 5 minutos e, entretanto, esteve uma hora a olhar para
contas de Instagram com fotografias
de vidas aparentemente perfeitas que contribuem para que se sinta mal consigo
mesmo? Não há nada de errado em passar algum tempo nas redes sociais. Procure
fazê-lo de forma consciente. Os exercícios de mindfulness podem ajudar.
7. FAÇA OUTRA LISTA.
Identifique as atividades que lhe
dão prazer e… vá à luta. Gira o seu
tempo de modo a dar prioridade àquilo que pode genuinamente contribuir para que
se sinta bem na sua pele. Isso pode passar pelo desporto, por sair com
amigos ou por voltar a candidatar-se a um curso superior. Seja honesto em
relação àquilo que o faz sentir-se vivo.
8. SEJA
(GENUINAMENTE) GENTIL.
Já reparou que aqueles que
rotulamos de “boas pessoas” são normalmente pessoas mais serenas? Prestar
(mesmo) atenção às pessoas que estão à sua volta e dar o seu melhor para estar
presente nas suas vidas acrescentando apoio moral, afeto e interesse genuíno
ajudá-lo-á a descentrar-se de si mesmo na medida certa.
Pense na hipótese de fazer
voluntariado.
9. PEÇA AJUDA.
Não há como negar: às vezes, os
pensamentos negativos estão tão enraizados e descontrolados que é muito difícil
dar a volta sozinho. Há pessoas que se esforçam mesmo muito e o máximo que
conseguem é fingir uma autoestima que na verdade não têm. Se for esse o caso,
peça ajuda especializada. Faça aquilo que tem de ser feito para que possa
usufruir do direito a ser feliz (tal como é).