Consultório            Facebook           Instagram            YouTube            Página Inicial


10.5.17

COMO ULTRAPASSAR O FIM DE UMA RELAÇÃO


Foi através do Facebook que Sílvia soube que o namorado a traía. E também foi através desta rede social que, semanas depois, ficou a saber que o agora-ex-namorado estava de férias em Cabo Verde. Como é que a pessoa com quem viveu durante oito anos podia estar aparentemente feliz depois do fim do relacionamento? E por que é que ela continuava de rastos, como se o futuro pudesse apenas trazer mais tristeza e sofrimento?

Há quem diga que, independentemente das circunstâncias de uma separação, é preciso fazer o luto e que, teoricamente, isso equivale a algum recolhimento. No entanto, todos nós conhecemos pessoas que saltam de relacionamento em relacionamento aparentemente sem tempo (ou disponibilidade) para reparar no próprio sofrimento.


Será uma questão de autoestima? Terá a ver com o facto de não se sentirem assim tão apaixonadas durante a relação? O que é que cada pessoa pode fazer para ultrapassar o fim de uma relação?

1 – EVITAR COMPARAÇÕES

É um cliché mas é verdade: há muitas formas de lidar com o sofrimento. Há quem não consiga parar de chorar e se sinta embaraçado por mostrar tristeza e vulnerabilidade nas situações mais inesperadas. Mas também há quem fuja a sete pés do contacto com a própria dor e adote o estilo «para frente é que é o caminho». Mesmo que haja alguém aparentemente perito em saltar de relação em relação sem sofrimento, aceite que esse não é o seu caso. As comparações têm o condão de nos puxar (ainda mais) para baixo. O segredo é: realidade, realidade, realidade. Se, na realidade, se sente um caco, não vale a pena tentar sentir outra coisa.

2 – DEIXAR QUE O TEMPO ATUE

É provável que alguns familiares e amigos já lhe tenham dito que «o tempo cura tudo». É verdade que não é sempre assim, é verdade que até há quem precise do empurrãozinho de um psicólogo para recuperar forças MAS, de uma maneira geral, o luto que está associado ao fim de uma relação envolve tempo.


Não tem a ver apenas com a duração da relação. Tem, sobretudo, a ver com as expectativas criadas, com os laços e com as circunstâncias da rutura. No princípio, o sofrimento pode parecer insuportável e inultrapassável. Podem até existir dias em que a esperança despareça. Mas gradualmente é expectável que o desespero diminua e volte a sentir algum ânimo.

3 – IGNORAR O EX NAS REDES SOCIAIS

(Per)Seguir o ex nas redes sociais está (muito) longe de ser uma boa ideia. É verdade que algumas pessoas escolhem mostrar o seu sofrimento nas publicações de Facebook mas, de uma maneira geral, ninguém publica fotografias de kleenex no Instagram. Dar de caras com fotografias do seu ex numa discoteca ou numa praia paradisíaca não contribuirá para a sua felicidade. A sua ansiedade também não vai baixar enquanto continuar a verificar – de 5 em 5 minutos – se ele(a) está online no whatsapp. A nossa mente prega-nos muitas partidas e enquanto ruminamos à volta do que a outra pessoa está ou não está a fazer acabamos cansados e infelizes. Não há rigorosamente nada que você possa fazer para controlar os passos do seu ex. Desviar a atenção do rasto que ele deixa nas redes sociais será uma fonte de libertação.

4 – EVITAR O ISOLAMENTO

Chegar a casa e sentir a liberdade para chorar desalmadamente pode ser terapêutico. Fechar-se em casa e dizer a si mesmo(a) que só voltará a sair com amigos, ir ao ginásio ou passear quando se sentir feliz outra vez é uma péssima ideia. Contrariar a vontade de se isolar é uma ferramenta importante para fugir a um estado depressivo, pelo que é preferível dar o seu melhor para continuar a realizar as atividades que sempre fez. Talvez possa até inscrever-se naquele curso que sempre quis fazer mas para o qual não tinha tempo. Distraia-se, mantenha-se-ativo(a). Daqui a algum tempo orgulhar-se-á de si mesmo(a).

5 – NÃO MENDIGAR

Se a relação terminou apenas por vontade da outra pessoa, é natural que sinta a tentação de telefonar ou enviar mensagens a tentar – de forma direta ou indireta – uma reaproximação. Não o faça. Não é uma questão de orgulho. É uma questão de autoestima. A pessoa de quem (ainda) gosta pode fácil e involuntariamente fazer escolhas que deem a ilusão de que há alguma hipótese de reconciliação. O problema é que depois vem novo confronto com a realidade e o mais provável é que sinta que esteja constantemente a levar tareias. Há casais que se separam e que mais tarde se reconciliam. Preste atenção ao que o seu ex lhe diz. Se a decisão for definitiva, não mendigue.

6 – APRENDER COM OS ERROS

Não esteja à espera de ser capaz de amadurecer dez anos imediatamente depois do fim da relação. O luto envolve tempo, lembra-se? Não é só tristeza aquilo que a maior parte das pessoas sentem. Também há quase sempre espaço para a raiva e para a negação. Dê a si mesmo(a) a oportunidade de sentir TUDO e lembre-se de que, mais cedo ou mais tarde, olhará para aquilo que aconteceu com outro discernimento. Quando a poeira começar a assentar, olhe para os seus comportamentos, para a forma como lidou com as suas emoções ao longo da relação, para aquilo que disse, para forma como o disse e para a maneira como lidou com as necessidades do seu ex. Essa autoanálise trar-lhe-á ferramentas importantes para viver um grande amor.

7 – NÃO TER PRESSA

A maior parte das pessoas que conheço querem ser felizes no amor.




E é natural que comece a fazer esforços para conhecer alguém. Não se precipite. Se ainda se sente ligado(a) ao seu ex, se ainda se sente carente e vulnerável, é provável que esteja menos capaz de olhar para realidade como ela é. Isso coloca-lo(a)-á numa posição muito arriscada, à mercê de quem não lhe queira bem. Evite reaproximar-se de antigos namorados, tenha cuidado com os galanteios das redes sociais e preste muita atenção às intenções de quem se mostre aparentemente atraído pela sua vulnerabilidade. Quando se sentir preparado(a), vai voltar a sentir borboletas no estômago e o (seu) mundo vai voltar a ser muito animado. Não tenha pressa em ser escolhido(a) e permita-se escolher a pessoa certa para si.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa