Foi através do Facebook que
Sílvia soube que o namorado a traía. E também foi através desta rede social
que, semanas depois, ficou a saber que o agora-ex-namorado estava de férias em
Cabo Verde. Como é que a pessoa com quem viveu durante oito anos podia estar
aparentemente feliz depois do fim do relacionamento? E por que é que ela
continuava de rastos, como se o futuro pudesse apenas trazer mais tristeza e
sofrimento?
Há quem diga que,
independentemente das circunstâncias de uma separação, é preciso fazer o luto e
que, teoricamente, isso equivale a algum recolhimento. No entanto, todos nós conhecemos pessoas que saltam de
relacionamento em relacionamento aparentemente sem tempo (ou disponibilidade)
para reparar no próprio sofrimento.
Será uma questão de autoestima?
Terá a ver com o facto de não se sentirem assim tão apaixonadas durante a
relação? O que é que cada pessoa pode fazer para ultrapassar o fim de uma
relação?
1 – EVITAR
COMPARAÇÕES
É um cliché mas é verdade: há
muitas formas de lidar com o sofrimento. Há quem não consiga parar de chorar e
se sinta embaraçado por mostrar tristeza e vulnerabilidade nas situações mais
inesperadas. Mas também há quem fuja a sete pés do contacto com a própria dor e
adote o estilo «para frente é que é o caminho». Mesmo que haja alguém
aparentemente perito em saltar de relação em relação sem sofrimento, aceite que
esse não é o seu caso. As comparações têm o condão de nos puxar (ainda mais)
para baixo. O segredo é: realidade, realidade, realidade. Se, na realidade, se
sente um caco, não vale a pena tentar sentir outra coisa.
2 – DEIXAR QUE O
TEMPO ATUE
É provável que alguns familiares
e amigos já lhe tenham dito que «o tempo cura tudo». É verdade que não é sempre
assim, é verdade que até há quem precise do empurrãozinho de um psicólogo para
recuperar forças MAS, de uma maneira geral, o luto que está associado ao fim de
uma relação envolve tempo.
Não tem a ver apenas com a
duração da relação. Tem, sobretudo, a ver com as expectativas criadas, com os
laços e com as circunstâncias da rutura. No princípio, o sofrimento pode
parecer insuportável e inultrapassável. Podem até existir dias em que a
esperança despareça. Mas gradualmente é expectável que o desespero diminua e
volte a sentir algum ânimo.
3 – IGNORAR O EX NAS
REDES SOCIAIS
(Per)Seguir o ex nas redes
sociais está (muito) longe de ser uma boa ideia. É verdade que algumas pessoas
escolhem mostrar o seu sofrimento nas publicações de Facebook mas, de uma
maneira geral, ninguém publica fotografias de kleenex no Instagram. Dar de caras com fotografias do seu ex numa
discoteca ou numa praia paradisíaca não contribuirá para a sua felicidade. A sua ansiedade também não vai baixar
enquanto continuar a verificar – de 5 em 5 minutos – se ele(a) está online no
whatsapp. A nossa mente prega-nos muitas partidas e enquanto ruminamos à
volta do que a outra pessoa está ou não está a fazer acabamos cansados e
infelizes. Não há rigorosamente nada que você possa fazer para controlar os
passos do seu ex. Desviar a atenção do rasto que ele deixa nas redes sociais
será uma fonte de libertação.
4 – EVITAR O ISOLAMENTO
Chegar a casa e sentir a
liberdade para chorar desalmadamente pode ser terapêutico. Fechar-se em casa e
dizer a si mesmo(a) que só voltará a sair com amigos, ir ao ginásio ou passear
quando se sentir feliz outra vez é uma péssima ideia. Contrariar a vontade de
se isolar é uma ferramenta importante para fugir a um estado depressivo, pelo
que é preferível dar o seu melhor para continuar a realizar as atividades que
sempre fez. Talvez possa até inscrever-se naquele curso que sempre quis fazer
mas para o qual não tinha tempo. Distraia-se, mantenha-se-ativo(a). Daqui a
algum tempo orgulhar-se-á de si mesmo(a).
5 – NÃO MENDIGAR
Se a relação terminou apenas por
vontade da outra pessoa, é natural que sinta a tentação de telefonar ou enviar
mensagens a tentar – de forma direta ou indireta – uma reaproximação. Não o
faça. Não é uma questão de orgulho. É uma questão de autoestima. A pessoa de quem (ainda) gosta pode fácil e
involuntariamente fazer escolhas que deem a ilusão de que há alguma hipótese de
reconciliação. O problema é que depois vem novo confronto com a realidade e
o mais provável é que sinta que esteja constantemente a levar tareias. Há
casais que se separam e que mais tarde se reconciliam. Preste atenção ao que o
seu ex lhe diz. Se a decisão for definitiva, não mendigue.
6 – APRENDER COM OS
ERROS
Não esteja à espera de ser capaz
de amadurecer dez anos imediatamente depois do fim da relação. O luto envolve
tempo, lembra-se? Não é só tristeza aquilo que a maior parte das pessoas
sentem. Também há quase sempre espaço para a raiva e para a negação. Dê a si
mesmo(a) a oportunidade de sentir TUDO e lembre-se de que, mais cedo ou mais
tarde, olhará para aquilo que aconteceu com outro discernimento. Quando a
poeira começar a assentar, olhe para os seus comportamentos, para a forma como
lidou com as suas emoções ao longo da relação, para aquilo que disse, para
forma como o disse e para a maneira como lidou com as necessidades do seu ex.
Essa autoanálise trar-lhe-á ferramentas importantes para viver um grande amor.
7 – NÃO TER PRESSA
A maior parte das pessoas que
conheço querem ser felizes no amor.
E é natural que comece a fazer
esforços para conhecer alguém. Não se precipite. Se ainda se sente ligado(a) ao
seu ex, se ainda se sente carente e vulnerável, é provável que esteja menos
capaz de olhar para realidade como ela é. Isso coloca-lo(a)-á numa posição
muito arriscada, à mercê de quem não lhe queira bem. Evite reaproximar-se de antigos namorados, tenha cuidado com os
galanteios das redes sociais e preste muita atenção às intenções de quem se
mostre aparentemente atraído pela sua vulnerabilidade. Quando se sentir
preparado(a), vai voltar a sentir borboletas no estômago e o (seu) mundo vai
voltar a ser muito animado. Não tenha pressa em ser escolhido(a) e permita-se
escolher a pessoa certa para si.