O Facebook está a prejudicar as
relações amorosas? Há mais traições por causa desta rede social? Que regras
devem ser adotadas para manter uma relação na era do Facebook? O que é que não
devemos fazer (se quisermos manter a nossa relação)?
Quase todas as pessoas que
conheço – pessoal ou profissionalmente – têm conta de Facebook. A rede social
criada por Mark Zuckerberg passou a fazer parte das nossas conversas, dos
nossos momentos de lazer e, em muitos casos, também passou a ser motivo de
tensão. Mas será assim tão demoníaca? Trouxe, de facto, mais perigos para as
relações amorosas? Ou trouxe, sobretudo, maior exposição sobre aquilo que já
existia?
O FACEBOOK É BOM OU MAU PARA AS RELAÇÕES?
DEPENDE.
O Facebook não é mais do que um
prolongamento da nossa vida social. Há pessoas que saem de casa todos os dias
com genuína vontade de trabalhar e de socializar sem desrespeitar ou prejudicar
a pessoa de quem gostam. E também há quem tire a aliança do dedo mal se despeça
do companheiro com o intuito de flirtar com outras pessoas. Foi sempre assim –
muito antes de haver Facebook.
Há quem esteja diariamente no
Facebook consciente de que há escolhas que poderiam prejudicar a pessoa amada e
há quem nunca tenha gasto um minuto a pensar nisso. De uma maneira geral,
quando prestamos (mesmo) atenção àquilo que a pessoa de quem gostamos sente,
quando nos preocupamos com ela, acabamos por fazer escolhas que protegem a
relação.
HÁ MAIS TRAIÇÕES POR CAUSA DESTA REDE SOCIAL?
SIM.
Da mesma maneira que há maior
probabilidade de alguém ser infiel quando trabalha fora de casa e conhece
outras pessoas. Se há algo que o Facebook trouxe foi a possibilidade de
estarmos emocionalmente mais próximos de uma série de pessoas – ex-colegas,
ex-vizinhos, ex-paixonetas, amigos de infância, amigos-dos-amigos ou meros
desconhecidos. Este acesso fácil a tanta gente também tem favorecido os
encontros românticos e as traições.
QUE REGRAS DEVEM SER ADOTADAS PARA MANTER UMA RELAÇÃO NA ERA DO
FACEBOOK?
DEPENDE.
As regras devem ser construídas a
dois. Há casais que só saem à noite juntos. Há casais que saem regularmente só
com amigos. Há casais que nunca saem à noite. Aquilo que funciona para um
casal, pode não ser ajustado para outro. Para que duas pessoas sejam felizes
juntas é preciso que se exponham, que conversem serena e francamente sobre aquilo
de que cada uma precisa. E é exatamente isso que deveria acontecer a propósito
do Facebook.
É SAUDÁVEL CONTINUAR A SER AMIGO DO EX NO FACEBOOK?
DEPENDE.
Se houver uma relação fora do
Facebook, parece-me que fará todo o sentido que a amizade se estenda a esta
rede social. Se não houver qualquer ligação, talvez valha a pena questionar-se:
Por que continuo a seguir aquela pessoa? Com que propósito? Que impacto é que
isso tem na minha relação atual? Como é que o meu companheiro se sente em
relação a esta escolha? Como em quase tudo o que diga respeito ao amor, o que
importa é conversar abertamente e ser capaz de valorizar (mesmo) aquilo que a
pessoa de quem gosta sente.
É SAUDÁVEL DESABAFAR SOBRE A RELAÇÃO NO FACEBOOK?
NÃO.
Consigo empatizar com a aflição
que alguém sente quando as coisas correm mal na relação conjugal. Pode ser
desesperante e é legítimo que haja muita vontade de desabafar e receber colo.
Mas é preferível fazê-lo em privado e com alguém que genuinamente esteja
disponível para ouvir e amparar. Os gostos e os comentários de “apoio” podem
dar origem a algum conforto no imediato mas não compensam os prejuízos a que
esta exposição está associada.
É, sobretudo, uma questão de (des)respeito.
Há limites que não devem mesmo ser ultrapassados – para não humilhar, para não
magoar de forma definitiva a pessoa que está ao nosso lado.
É SAUDÁVEL FAZER DECLARAÇÕES DE AMOR NO FACEBOOK?
DEPENDE.
Não há gesto mais romântico do
que ir ao encontro da vontade da pessoa de quem se gosta. Que sentido fará
oferecer um ramo de rosas vermelhas a alguém que não goste que as flores sejam
arrancadas das respetivas raízes? Mostrar publicamente o seu afeto só fará
sentido se a pessoa de quem gosta se sentir confortável com essa exposição. Por
outro lado, é fundamental que uma declaração de amor seja, acima de tudo,
genuína. A bajulação e a tentativa de mostrar aos outros que tem uma relação perfeita
são formas de desviar a atenção do que é verdadeiramente importante.
É SAUDÁVEL REVELAR A PASSWORD AO COMPANHEIRO?
DEPENDE.
Há casais que só têm uma conta
bancária. E há casais que não têm uma conta conjunta nem os códigos de acesso à
conta do cônjuge. É possível ser feliz de muitas maneiras. Cada pessoa tem o
direito à sua privacidade, à sua individualidade e, à partida, a password do
Facebook não acrescenta nada à felicidade conjugal. MAS há situações que podem
ser geradoras de dúvida, ansiedade, insegurança. Nesses casos, aquilo que
deveria sobressair é a GENUÍNA preocupação com os sentimentos do cônjuge.
Isso pode passar por escancarar a
conta de Facebook com o propósito de recuperar a confiança.
É SAUDÁVEL FLIRTAR NO FACEBOOK?
NÃO.
Quanto maior for a nossa
consciência a propósito dos nossos sentimentos, dos sentimentos da pessoa de
quem gostamos e dos riscos associados a cada comportamento, maior é a
probabilidade de fazermos as escolhas que protejam a nossa relação. Sempre que
alguém opte por galantear outras pessoas (no Facebook ou cá fora) com o
objetivo de obter a gratificação imediata dos jogos de sedução ou com vontade
de materializar uma relação extraconjugal, é de uma quebra de confiança que
estamos a falar. Conversar às escondidas com outras pessoas pode parecer uma
escolha inofensiva mas é quase sempre uma forma de infidelidade emocional.
É SAUDÁVEL PASSAR O SERÃO A OLHAR PARA O FACEBOOK?
DEPENDE.
A maioria das pessoas que conheço
precisam de “limpar a cabeça” de um dia de trabalho através de atividades que
distraiam e reduzam o stress. Para muitos, a televisão cumpre esse propósito.
Para outros, é o Facebook. Não há nada de errado em passar algum tempo ligado a
esta rede social, mesmo que o seu companheiro esteja ao seu lado. Aquilo que
não é saudável é que isso aconteça SEMPRE e que não haja aquilo a que chamo de
rituais românticos. É fundamental que diariamente haja tempo e disponibilidade
para conversar, para saber sobre o dia da pessoa de quem gostamos e para FAZER
ATIVIDADES A DOIS.