Há homens que traem. Nem todos os
homens traem mas há alguns que o fazem – e algumas mulheres também. Durante
muito tempo veiculou-se a ideia de que os homens trairiam sobretudo por se
sentirem insatisfeitos sexualmente. Mas será que é mesmo assim? Quais são as
verdadeiras razões que levam os homens a trair? Antes de olharmos para os
motivos, importa fazer dois esclarecimentos:
Em primeiro lugar, é importante
perceber que não há apenas um motivo
que esteja na origem da infidelidade masculina – há muitas formas de traição e
aquilo que está por detrás do comportamento de um homem que mantenha uma amante
em cada local para onde viaja profissionalmente é muito diferente daquilo que
leva um homem a manter uma relação extraconjugal de longa duração.
Em segundo lugar, é fundamental
esclarecer que a identificação dos motivos associados à infidelidade NÃO é uma
forma de legitimar a traição. Não há
desculpas para a infidelidade. Uma traição é SEMPRE um erro que deixa
marcas profundas na relação (e que em muitos casos leva à rutura).
Da minha experiência profissional
resultaram muitas e muitas conversas com homens que foram infiéis. Estes são os
principais motivos por que o fizeram:
A EMOÇÃO DA SEDUÇÃO E DA CONQUISTA. Não há como negar: conhecer
alguém novo e sentir que se é capaz de seduzir e conquistar é das melhores
sensações que se pode ter. Faz-nos sentir mais vivos que nunca.
Mas sentem falta de alguma coisa.
Sentem falta da adrenalina e da excitação do início de um namoro. Alguns vão à
procura dessa excitação fazendo esforços para conhecer outras pessoas; outros
deixam-se levar quando são cortejados.
INSATISFAÇÃO SEXUAL. Alguns homens apontam o facto de se sentirem
insatisfeitos com a frequência ou qualidade das relações sexuais no casamento
como o principal motivo da traição. Em muitos destes casos, o homem procura apenas
o envolvimento físico e considera que não houve verdadeiramente uma traição. Claro
que para a esmagadora maioria das mulheres traídas a conversa é muito
diferente.
INSATISFAÇÃO EMOCIONAL. A maioria dos homens que passam pelo meu
consultório depois de terem cometido uma infidelidade referem que sentiam que a
mulher estava emocionalmente distante e/ou que não estava a ser capaz de ir ao
encontro das suas necessidades afetivas. As queixas estão relacionadas com a
falta de atenção, desvalorização dos seus desabafos e dificuldade em alimentar
a relação conjugal depois do nascimento dos filhos.
MEDO DA INTIMIDADE. Alguns homens manifestam níveis elevados de
desconforto à medida que a relação conjugal se vai tornando mais séria. É como
se se sentissem “em perigo” à medida que a intimidade emocional cresce e a
traição acaba por funcionar como um travão.
- PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO –
Como expliquei antes, a maioria
dos homens traem na sequência de problemas no casamento. É verdade que em
muitos desses casos houve queixas, houve desabafos, houve tentativas mais ou
menos claras de chamar a atenção para a insatisfação (sexual, emocional). A
maioria dos homens que passam pelo meu gabinete estão menos habituados a falar
abertamente sobre os seus sentimentos do que as mulheres e isso acaba por
complicar muitas vezes os problemas:
- NÃO É UMA QUESTÃO DE APARÊNCIA –
Apenas uma pequenina percentagem
dos homens que traem assumem que se envolveram com uma mulher mais atraente do
que a companheira. De uma maneira geral, não é mesmo uma questão física e na
maioria dos casos não há sequer uma procura ativa. Há, isso sim, um vazio que
acaba por ser preenchido quando se conhece alguém que está emocionalmente e
depois fisicamente disponível.
- SENTIMENTOS DE CULPA –
Nem todos os homens que me pedem
ajuda depois de uma traição estão genuinamente arrependidos do que fizeram.
Como referi antes, alguns nem sequer consideram que cometeram um erro. Mas a
maioria mostra de forma clara sentimentos de culpa – sobretudo em relação ao
sofrimento causado à companheira. Não sendo o arrependimento sincero uma
condição suficiente para reconstruir uma relação nestas circunstâncias, é uma
condição necessária.