As discussões fazem parte da
esmagadora maioria das relações e nem sequer são um sinal de alarme. São,
sobretudo, um sinal de que aquelas duas pessoas se estão a expor, que se estão
a revelar em pleno. Como nem sempre há concordância e, sobretudo, porque às
vezes as necessidades e as expectativas de um colidem com as necessidades e as
expectativas do outro, as discussões acontecem e é muitas vezes depois disso
que cada um tem oportunidade de refletir e de fazer escolhas em nome da
relação.
Há períodos na vida de um casal
em que a probabilidade de existirem discussões sérias e frequentes aumenta:
depois do nascimento do primeiro filho, numa situação de desemprego ou
dificuldades financeiras, quando há muita pressão em contexto profissional ou
numa situação de doença, por exemplo. Na prática, sempre que os membros do
casal são confrontados com novos papéis, novas necessidades e o tempo para
namorar escasseia, é mais provável que surja algum afastamento emocional.
A páginas tantas, pode surgir a
sensação de que «já não vale a pena» ou de que ele(a) «não compreende» ou «não
quer saber». Antes de atirar a toalha ao chão é importante fazer alguns
esforços e tentar uma reaproximação:
#1: SEJA CONDESCENDENTE.
Como está
a sua vida? Por que mudanças passou nos últimos tempos? Se você e/ou o seu amor
enfrentaram ou estão a enfrentar mudanças importantes, vale a pena parar para
valorizar na medida certa o impacto desses acontecimentos. É natural que um e o
outro não tenham a mesma disponibilidade, a mesma capacidade para mostrar o
afeto ou até a mesma paciência. Reconhecer que alguns erros também possam ter
sido cometidos devido ao stress por que passaram ajudá-los-á a olhar para as
dificuldades com maior compaixão.
#2: LEMBRE-SE DO SEU PROPÓSITO.
Que
sonhos tinha quando iniciou esta relação? Que projetos foram pensados a dois?
Quais as características do seu companheiro que mais o atraíram? Responder de
forma honesta a estas questões ajudá-lo-á a prestar atenção ao essencial.
Reparar (de novo) nessas características
trar-lhe-á energia e motivação.
#3: IDENTIFIQUE OS SEUS ERROS
(COM
HONESTIDADE).
Que erros cometeu nos últimos tempos? Quais foram os apelos do
seu companheiro que ficaram por atender? Que necessidades terão sido ignoradas
ou desprezadas por si? Que limites ultrapassou? Ser capaz de reparar nos seus
próprios erros NÃO é chamar a si todas as culpas e dizer «tens sempre razão». É
fazer a sua parte, é interessar-se genuinamente pelo sofrimento da pessoa que
ama e é dizer «Eu quero cuidar de nós». É legítimo que também se sinta magoado
e que precise que o seu companheiro também faça este exercício.
#4: SEJA CURIOSO.
Do que é que o
seu companheiro se queixa (mesmo)? Do que é que precisa? O que é que ele(a)
espera de si? De uma maneira geral, as discussões são apenas a camada
superficial dos problemas. Quando nos sentimos aflitos, é mais provável que
gritemos por ajuda de forma atabalhoada. Se à aflição se juntar o cansaço, a
pressão ou a falta de horas de sono, é ainda mais fácil queixarmo-nos da forma
errada e atacarmos em vez de apelarmos. Procure assumir uma atitude de
curiosidade gentil, como é usual fazermos com as crianças. Por outras palavras,
tente ver além da birra.
#5: MOSTRE O SEU AMOR.
Que gestos
tem vontade de fazer quando estão de costas voltadas? Que gestos o(a)
acalmariam? Nem sempre é fácil fazer uma carícia, dar um beijo ou um abraço
depois de uma discussão. Por um lado, há o medo – legítimo – de receber um
“chega para lá” e, por outro, há o medo de que os gestos de afeto sejam
interpretados como «está tudo bem» e as suas queixas sejam desvalorizadas. Mas
os gestos de afeto são a forma mais poderosa de nos ligarmos às pessoas de quem
gostamos.
Não é fácil. É preciso manter o
foco no essencial e impedir que o orgulho tome conta de nós. Quando nos
habituamos a fazê-lo, percebemos que é uma ferramenta poderosíssima.
#6: PEÇA AJUDA.
A sua relação
(ainda) é importante para si? Os seus esforços têm sido infrutíferos? Não deixe
que as dificuldades tomem conta da relação e peça ajuda especializada. Os
membros do casal nem sempre estão em sintonia a propósito desta resposta. É
normal. Procure reconhecer o mal-estar de cada um e lembre-se de que não faz
sentido prolongar o sofrimento quando há profissionais especializados nesta
área que podem ajudar.