Uma coisa é sabermos que não há ninguém perfeito e
que, seja qual for a pessoa que escolhamos para viver ao nosso lado, terá imperfeições
e o direito de errar. Outra bem diferente é sermos capazes de conviver diariamente
com defeitos irritantes, hábitos diferentes
do que idealizámos ou características de personalidade a que é fácil achar
graça quando se está de fora mas que nos atrapalham constantemente os planos.
Viver a dois é maravilhoso e, ao mesmo tempo, um
desafio difícil. O amparo, a certeza de que a pessoa por quem nos apaixonámos
também gosta de nós e a alegria de sonhar a dois são impagáveis. Não é por
acaso que há tantos estudos que mostram que até a nossa saúde física melhora
quando nos sentimos felizes no amor.
MAS…
Todas as pessoas têm defeitos sérios. Não me refiro a
pequeninas imperfeições. Refiro-me a características que condicionam o nosso
bem-estar e que nos levam (legitimamente) a pensar que seríamos ainda mais
felizes se aquela pessoa mudasse uma ou outra coisa.
É por isso que qualquer relação amorosa depende da
capacidade para aceitar a pessoa que está ao nosso lado EXATAMENTE como é.
Na prática, aquilo que cada um de nós “tem” de fazer é
aprender a lidar com os tais defeitos irritantes. Nem sempre conseguiremos
encarar tudo com uma postura zen. Haverá alturas em que a fúria tomará conta de
nós e em que acabaremos por nos zangar. Até é natural que haja instantes em que
maldigamos a nossa escolha. Não há problema em pensar «Onde é que eu estava com a cabeça quando decidi casar com esta
pessoa?». De uma maneira geral, estes pensamentos vão embora e dão lugar ao
foco no que realmente importa: a felicidade que aquela pessoa acrescenta à
nossa vida e tudo o que queremos viver ao seu lado.
É claro que nem todos os defeitos são suportáveis,
pelo que a cada um de nós também compete avaliar o que é que somos (ou não)
capazes de tolerar. É provável que já tenha dado por si a pensar «Não sei como
é que a pessoa X atura a pessoa Y!». De facto, todas as pessoas têm defeitos
irritantes e muitos não seriam compatíveis com o nosso bem-estar.
Sermos capazes de perceber com que defeitos somos capazes de conviver diariamente também é um sinal de inteligência emocional que nos ajuda a construir relações felizes e duradouras.