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7.11.17

10 VERDADES E MENTIRAS SOBRE O CIÚME


«Se tu gostasses mesmo de mim, não ias sair com os teus amigos», «Não acho normal que te vistas dessa maneira», «Para onde é que estavas a olhar?» - o que é que é aceitável numa relação? Que dose de ciúme é compatível com um relacionamento feliz e duradouro? O ciúme é proporcional ao amor que se sente? Ou quando é demais estraga?

TODAS AS PESSOAS SENTEM CIÚME.
VERDADE.

Praticamente todas as pessoas já passaram pela experiência de se sentirem desconfortáveis ou até inseguras numa situação em que o companheiro deu atenção especial a alguém (ou foi tratado dessa forma). O medo da perda é natural e instintivo, o que está muito longe de significar que haja sempre uma “cena de ciúmes” em resposta a esta sensação de desconforto. Muitas pessoas reconhecem o sentimento mas são rapidamente capazes de se acalmar e de olhar para a sua realidade com tranquilidade. Às vezes podem até brincar sobre o assunto, sem dramas. Para outras, a sensação de alarme pode ser mais significativa e aí há quase sempre a necessidade de verbalizar o sentimento e de pedir ao companheiro uma resposta que devolva a tranquilidade. Mas há pessoas para quem o ciúme é mais recorrente e incapacitante – quase tudo é sinal de alarme, pelo que a sua atenção gira quase sempre à volta da identificação de potenciais ameaças. De uma maneira geral, este ciúme coloca a relação em risco.

É UM SINAL DE QUE SE AMA DEMAIS
MENTIRA.

Há quem defenda que o ciúme é uma demonstração clara de amor e que, quanto mais se ama, mais ciúme se sente mas, de uma maneira geral, esta é uma desculpa que a pessoa ciumenta dá para justificar os seus comportamentos. Amar também é respeitar profundamente a pessoa que está ao nosso lado e desejar com todas as nossas forças que seja feliz. Sempre que o ciúme se traduz em chantagem emocional («Se tu gostasses mesmo de mim…») ou qualquer forma de limitar as ações da pessoa de quem se gosta, é de desrespeito que falamos, não de amor.

É UM SINAL DE INSEGURANÇA.
VERDADE.

O ciúme é sobretudo isso: insegurança. É o medo – pontual ou recorrente – da perda. Isto não significa que sejamos todos inseguros. Significa, isso sim, que todos nós sentimos medo. Às vezes esse medo surge e é rapidamente controlado; noutras alturas o medo é mais dominador e é preciso falar sobre o assunto. Todas as relações atravessam períodos de maior proximidade e períodos de maior afastamento. Se, nas alturas de maior afastamento, surgirem pessoas com quem a pessoa que amamos se ligue de forma mais especial, é natural (e saudável) que haja algum alarme. Quando a pessoa que se sente enciumada partilha as suas emoções de forma clara e com respeito, é mais provável que o companheiro seja capaz de responder com afeto, valorizando os seus sentimentos e tranquilizando-a. Dizer «Sinto-me inseguro quando te vejo a conversar com X» é muito diferente de dizer «Não acho normal…».

PESSOAS COM BAIXA AUTOESTIMA SENTEM MAIS CIÚMES
VERDADE.

Se é certo que o ciúme é, sobretudo, insegurança e que essa é uma sensação por que todas as pessoas podem passar, também é verdade que quanto menos uma pessoa for capaz de se valorizar, maior é a probabilidade de sentir a necessidade de controlar os passos do companheiro.



Estarmos bem connosco e valorizarmo-nos na medida certa permite-nos assumir uma postura mais generosa em relação à pessoa amada. Isso inclui dar-lhe a liberdade de que precisa para ser feliz, apesar de estar numa relação de compromisso. Implica reconhecer que há vida para além do casal e que há outras relações afetivas significativas para ambos.

AUSÊNCIA DE CIÚME É SINAL DE DESAPEGO
MENTIRA.

Se não houver situações que sejam geradoras de alarme, é natural que não haja ciúme. Se uma pessoa se mostra tranquila quando o companheiro sai com os amigos isso pode significar que se sente segura, o que é muito diferente de dá-lo como garantido ou já não sentir apego. Confiar também é um sinal de respeito e inteligência emocional. Aquilo que pode indiciar falta de ligação não é a inexistência de ciúme mas sim o desinteresse. Se uma pessoa sai com os amigos e a outra não faz perguntas nem quer saber nada sobre o evento, isso pode indiciar que (já) não há ligação.

AS PESSOAS QUE JÁ FORAM TRAÍDAS SÃO MAIS CIUMENTAS
MENTIRA.

É óbvio que uma pessoa que tenha passado pelo trauma de uma traição pode sentir maior dificuldade em voltar a confiar e, nessa medida, pode revelar-se mais insegura. Mas isso está muito longe de significar que as pessoas que já foram traídas sejam mais controladoras. As pessoas que valorizam a honestidade e a transparência podem ser mais firmes na imposição de alguns limites e podem manifestar de forma clara a sua insegurança SEM desrespeitar o companheiro. Por outro lado, há muitas pessoas que nunca foram traídas e que sempre foram muito ciumentas. Isso pode ter a ver com a autoestima ou com a forma como foram educadas. Os filhos de pessoas ciumentas e controladoras podem reproduzir estes comportamentos, mesmo que nem sempre se deem conta disso.

QUEM PROCURA ACHA.
VERDADE.

Os comportamentos controladores das pessoas mais ciumentas podem alimentar círculos viciosos: a pessoa que é alvo de ciúme sente-se pressionada, controlada e passa a ocultar certas informações para evitar problemas; quando a mentira é revelada, a pessoa ciumenta confirma a expectativa de que não pode confiar em ninguém e de que deve manter uma postura de hipervigilância. Claro que estes são padrões de comportamento disfuncionais e geradores de infelicidade. Quem muito procura e acaba por assumir comportamentos controladores nem sempre encontra traições ou mentiras importantes mas acaba quase sempre por desrespeitar, pressionar e empurrar o companheiro para fora da relação.

AS PESSOAS CIUMENTAS SÃO POUCO CONFIÁVEIS.
MENTIRA.

Há um ditado popular que diz que «Quem desconfia não é de confiar». É verdade que há pessoas que não são “apenas” inseguras e que utilizam as suas vulnerabilidades para manipular e controlar. Mas há muitas pessoas que não só não têm esse objetivo como seriam incapazes de trair a confiança do companheiro. Infelizmente, há pessoas com tão baixa autoestima que acabam por viver em função das necessidades da pessoa amada.

É UMA FORMA DE VIOLÊNCIA EMOCIONAL.
VERDADE.

O ciúme é um sentimento que se traduz quase sempre num apelo. Perante a sensação de alarme e o medo da perda, pedimos à pessoa amada que faça qualquer coisa para nos devolver a segurança. Quando isso é feito com respeito, a relação floresce.



O CIÚME NÃO TEM CURA
MENTIRA.


De uma maneira geral, quando não há falhas de caráter graves e quando há genuína vontade de construir uma relação baseada no respeito, isso também se traduz no compromisso com as mudanças necessárias. Muitas pessoas são incapazes de mudar sozinhas, apesar dos esforços. A terapia é sempre uma ajuda que vai a tempo de transformar a força de vontade em mudanças comportamentais.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa