Tenho conhecido muitas mulheres que vivem em função do bem-estar das pessoas que estão à sua volta, fechando os olhos às suas próprias necessidades ou, pelo menos, colocando-as de forma sistemática em segundo plano. Fazem escolhas de forma automatizada, como se fosse sempre a sua obrigação cuidar, dizer «Sim», estar lá. Não sabem dizer «Não», não se colocam em primeiro lugar e muitas vezes não estão sequer habituadas a prestar atenção aos seus gostos e interesses. Esforçam-se por corresponder às expectativas dos pais, cuidam dos filhos e do marido, apoiam os amigos e dão o seu melhor para não desiludir ninguém em contexto profissional. Procuram ser supermulheres mas não andam à procura de reconhecimento nem de outra gratificação que não seja a de cumprirem com aquelas que creem que sejam as suas obrigações.
Conheço alguns homens com este perfil
mas o número de mulheres é muito mais significativo.
Dedicam-se a todos os seus compromissos sem parar para analisar como é que isso as faz sentir, sem parar para prestar atenção ao preço que estão a pagar.
Não estou a falar de mulheres que sejam mais felizes a cuidar dos outros, das que fazem escolhas conscientes e que se sentem genuinamente gratas pela vida que escolheram. Falo de mulheres que vivem em piloto automático, quase sempre muito desgastadas e às quais os outros se habituaram a não reparar.
Se é esse o seu caso, se se sente cansada ou desanimada, obrigue-se a parar.
1. HÁ QUANTO TEMPO NÃO FAZ ALGUMA COISA SÓ PARA SI?
Não há nada de errado em fazermos muitas escolhas para ir ao encontro dos sentimentos e das necessidades das pessoas que estão à nossa volta mas é muito mais provável que tenhamos a energia e o ânimo para continuarmos a dar o melhor de nós aos outros se nos nutrirmos da forma certa. Da mesma maneira que é desejável que uma mãe se alimente de forma saudável – por si e pelo seu bebé -, é essencial que prestemos atenção àquilo que nos faz bem, que alimenta a nossa paz e que escolhamos incluir algumas dessas atividades na nossa agenda. Sem culpas.
2. SENTE-SE ESCUTADA?
É provável que esteja regularmente a ser solicitada para ouvir as queixas, os desabafos e as vitórias das pessoas que estão à sua volta. E é possível que se sinta genuinamente interessada pela maior parte desses assuntos. Mas o respeito por si também passa pela capacidade de se fazer ouvir e pela busca de amparo. Não é preciso zangar-se, dar um murro na mesa ou impor mudanças de forma radical. Preste atenção àquilo que sente e diariamente procure falar sobre as emoções mais significativas com as pessoas mais importantes da sua vida.
3. TEM CONSEGUIDO DIZER NÃO?
É impossível ter uma vida plena se tentarmos agradar a todos. As relações mais íntimas, mais gratificantes e mais duradouras implicam a capacidade de dizer «NÃO». É possível que não esteja habituada a fazê-lo por medo de magoar ou desiludir as pessoas de quem gosta. Como é que é possível dizer «Não» a um filho quando ele lhe pede para o escutar? Ao marido quando lhe pede que lhe faça (mais) um favor? Ou ao seu chefe? Quantas vezes é que estas pessoas sentiram a necessidade de lhe dizer «Não»? Quantas vezes tiveram de o fazer para serem fiéis ao que estavam a sentir e àquilo de que precisavam?
Construir uma relação significativa implica aceitar que vamos falhar, que vamos desiludir. O preço a pagar por viver a vida a ignorar os seus sentimentos é demasiado alto. Não há nada de errado em dizer «Hoje não posso» ou «Tenho pena, mas hoje sinto-me esgotada». Respeite-se e verá que quem valer a pena vai continuar ao seu lado.