Quase todos queremos viver relações intensas e genuínas, daquelas que só nos tragam certezas. Nem sempre temos consciência daquilo que é preciso para as conquistar e, sobretudo, para as manter. Hoje escrevo sobre as principais regras para viver um amor verdadeiro.
#1: GOSTAR VERDADEIRAMENTE DE NÓS
Há um motivo válido para já ter ouvido falar sobre a importância do amor próprio na vitalidade das relações amorosas. Escrevi sobre isso AQUI. Nem sempre crescemos rodeados de todo o amor que recebemos e algumas vulnerabilidades podem levar-nos a sérias dificuldades de autoestima. Quando isso acontece, é mais provável que projetemos na relação amorosa expectativas irrealistas e que, sem querer, acabemos por boicotar a própria felicidade.
Gostarmos genuinamente de nós é um trabalho contínuo de autoconhecimento e autoaceitação. Quando aprendemos a fazê-lo e nos apaixonamos por nós próprios, é mais fácil construirmos um amor verdadeiro, sem esperar que a outra pessoa venha completar alguma coisa.
#2: AMAR SEM MAS
Costumo dizer – meio a brincar – que quando escolhemos a pessoa com queremos viver, escolhemos um “pacote" de defeitos. Embora saibamos que ninguém é perfeito, depois da fase da paixão é frequente começarmos a mostrar maior intolerância em relação aos defeitos da pessoa que escolhemos e que queiramos moldá-la à imagem da nossa personalidade. Também é frequente olharmos à nossa volta e fazermos comparações ridículas com outros casais. Na prática, estamos a tentar mudar a outra pessoa, tentando fazer dela aquilo que não é e, claro, a boicotar uma relação que nos pode fazer felizes.
Não é sempre fácil conviver com barulhos, cheiros, falhas e defeitos que não sejam os nossos mas faz parte. Sermos capazes de perceber que a pessoa de quem gostamos tem o direito de ser exatamente como é dá-nos a possibilidade de focarmos a nossa atenção no que realmente importa.
#3: AMAR NÃO É PRECISAR
Quando nos ligamos a alguém, é natural que sintamos falta dessa pessoa e que, de alguma maneira, pensemos que “precisamos” daquela pessoa. Na verdade, precisamos de estar ao seu lado, precisamos de passar tempo com ela, precisamos que nos trate bem mas, se prestarmos atenção, percebemos que não é uma questão de dependermos daquela pessoa. Queremos estar com ela. Escolhemos fazê-lo. Preferimos a sua companhia em vez de outra. Mas sentimo-nos genuinamente completos e capazes sozinhos. Reconhecemos é que somos mais felizes ao lado da pessoa que amamos.
Quando uma relação amorosa é, sobretudo,
baseada nalguma forma de dependência, a
probabilidade de deixar de haver amor
verdadeiro é muito grande.
Quando dependemos de outra pessoa – seja de um ponto de vista financeiro, emocional ou outro – é menos provável que sejamos capazes de apreciar o seu valor e de nos sentirmos escolhidos e desejados como merecemos.
#4: UM AMOR VERDADEIRO TAMBÉM TEM PROBLEMAS
É extraordinariamente fácil olharmos para o lado e interiorizarmos a ideia de que, mesmo que não haja relações perfeitas, haja algumas muito próximas disso. Os casais mais felizes estão muitas vezes habituados a resolver os seus problemas com discrição e, como se focam muito mais no que cada um tem de positivo – em vez de passarem a maior do tempo à caça de defeitos – podem transmitir a ideia de que está sempre tudo bem entre eles. Mas a verdade é que todos os casais têm problemas, todos os casais têm momentos de tensão.
Aquilo que distingue um amor verdadeiro
(e duradouro) não é a inexistência de
dificuldades. É, isso sim, a imensa
vontade de as ultrapassar.
Quando valorizamos a nossa relação na medida certa, é mais provável que sejamos capazes de assumir a nossa própria responsabilidade sobre os problemas, que saibamos pedir desculpa mesmo quando achamos que temos «mais razão» do que o outro e que aceitemos as tentativas de aproximação em vez de nos agarrarmos com rancor às nossas mágoas.
Sim, os casais felizes também se magoam mutuamente. Fazem-no quase sempre sem intenção. Quando somos capazes de expor a nossa vulnerabilidade e de mostrar com clareza aquilo que nos magoou, é mais provável que nos liguemos da forma certa.
#5: O AMOR É UMA CONSTRUÇÃO
Há pessoas que brilham tanto que fazem parecer que a vida é sempre fácil. E o mesmo acontece com algumas relações: quando o amor é intenso e verdadeiro, a relação brilha tanto que pode levar a que quem estiver de fora se engane e ache que um amor assim não dá trabalho. Mas a verdade é que todas as relações significativas dão trabalho, requerem esforço, tempo e dedicação.
Quando duas pessoas se comportam como membros de uma equipa e dão o seu melhor para que o seu projeto continue a vingar, é mais provável que tudo dê certo e que ambas se sintam motivadas na maior parte do tempo. Na prática isso implica reconhecer a importância de dedicar tempo à pessoa de quem se gosta, parar para prestar mesmo atenção ao que ela sente e a tudo o que mexe com ela e fazer o que estiver ao nosso alcance para a ajudar a ser feliz.
#6: O AMOR TEM LIMITES
Uma relação saudável é antes de mais nada caracterizada pelo respeito mútuo. Mais do que qualquer regra social, é fundamental que nos habituemos a conhecer aquilo que nos faz bem e aquilo que os faz mal e que sejamos capazes de impor limites sem medos. Isso implica conseguir dizer «Não», implica que consigamos respeitar as nossas próprias necessidades afetivas e que nos coloquemos ao nível da pessoa que escolhemos.
Quando atribuímos mais importância às
necessidades da pessoa que amamos do que
às nossas, arriscamo-nos a cair em círculos
viciosos marcados por abusos e desrespeito,
nem sempre conscientes ou propositados.
#7: SE FAZ SOFRER, NÃO É AMOR
Já o disse e repito: a pessoa que amamos também nos vai magoar PONTUALMENTE e é importante que consigamos aceitar essas falhas como uma parte de um bem maior. Isso dá-nos segurança para aceitar que, mesmo sem intenção, também vamos errar e magoar.
Mas se uma relação for uma CONSTANTE fonte de tristeza, ansiedade e mal-estar, é pouco provável que seja amor verdadeiro. Talvez já o tenha sido e algumas escolhas menos conscientes estejam a levar os membros do casal para círculos viciosos. Ou então nunca foi amor verdadeiro para pelo menos um deles. O que importa é parar para fazer uma autoauscultação e assumir a responsabilidade de lutar por uma relação que seja geradora de paz e satisfação na maior parte do tempo.
Se uma relação nos fizer sofrer, é tempo de deixá-la ir ou de trabalhar para perceber se é possível transformá-la num amor alegre e sereno.