Quando escrevi “Os 25 Hábitos dos Casais Felizes”, não me baseei apenas na minha experiência como psicóloga e terapeuta conjugal. Aquilo que procurei fazer foi partilhar os frutos de inúmeras investigações que têm sido feitas a partir da observação e análise de casais felizes e casais infelizes.
Sempre fui uma pessoa curiosa em relação à ciência e olho com orgulho e admiração para aquilo que hoje é possível saber relativamente ao amor.
Há hábitos concretos que estão ao alcance
de todos e que podem fazer a diferença entre
ter uma relação que dê certo ou ter uma
relação que vá esmorecendo com o tempo.
QUAIS SÃO OS HÁBITOS QUE FAZEM
COM QUE UMA RELAÇÃO DÊ CERTO?
Há vários, claro. Mas há alguns que são mais estruturantes e que, se estiverem mesmo presentes, funcionam praticamente como uma garantia de que a relação vai continuar a dar certo.
#1: RECONHECER E RESPONDER COM AFETO AOS PEDIDOS DE ATENÇÃO DA PESSOA QUE ESTÁ AO NOSSO LADO
Quase todos os casais com quem trabalho estão habituados a ouvir-me dizer que aquilo de que cada um de nós mais precisa é da certeza de que a pessoa que está ao nosso lado se importa, se preocupa connosco, mostra interesse em relação àquilo que mexe connosco e responde com afeto aos nossos apelos.
Quando enviamos uma mensagem a meio do dia, a mostrar a ansiedade que está a tomar conta de nós por conta de um exame, sabe-nos bem receber um telefonema com palavras carinhosas.
É fundamental que nos mantenhamos atentos às necessidades da pessoa que está ao nosso lado e que não permitamos que o cansaço, o piloto automático ou as mil e uma tarefas que temos a nosso cargo nos impeçam de reconhecer e valorizar os seus pedidos de atenção.
#2: DAR PRIORIDADE À INTIMIDADE E AO SEXO
Intimidade não é só sexo mas numa relação amorosa tem de haver desejo e tempo para a intimidade sexual. A maior parte dos casais com quem trabalho acham que o sexo é importante mas… nem sempre conseguem sobreviver às rotinas e acabam muitas vezes por não investir no namoro.
Não é fácil continuar a namorar depois do nascimento dos filhos, sobretudo quando a rede de suporte é fraca ou inexistente. Quando não há ninguém que possa ficar com as crianças para que o casal possa desanuviar algumas horas, é preciso mais esforço e criatividade para manter a chama acesa.
A verdade é que, da mesma maneira que não nos passaria pela cabeça deixar de mimar os filhos mais velhos quando nasce um novo bebé, não faz sentido que abandonemos a nossa relação amorosa depois de sermos pais.
É preferível deixar outras coisas por fazer e continuarmos a dar o nosso melhor para garantir que haja tempo para namorar. Não me refiro apenas às relações sexuais. A maior parte das mulheres que conheço (e alguns homens) não sentem o mesmo desejo sexual se não houver tempo para conversar, para sair, para rir e descontrair a dois.
#3: MOSTRAR INTERESSE PELO MUNDO DA PESSOA DE QUEM GOSTAMOS COLOCANDO PERGUNTAS
É fácil estar “lá” fisicamente e fingir que prestamos atenção. Qualquer pessoa pode disciplinar-se no sentido de se sentar diariamente à mesa de jantar e perguntar «Então, como correu o teu dia?». Difícil – mas absolutamente “milagroso” para qualquer relação – é prestar atenção, querer saber e colocar perguntas que demonstrem genuíno interesse e cuidado.
Quando, no final do dia, perguntamos «Então, como é que correu a conversa com o teu chefe?», procurando saber se o problema que foi partilhado no jantar de véspera ficou resolvido, estamos a sair da nossa zona de conforto, da nossa bolha, e a dizer «Estou aqui para te ouvir».
Às vezes, é tentador aconselhar, apresentar soluções. Mas a verdade é que quando desabafamos raramente vamos em busca de respostas. Normalmente buscamos amparo. Precisamos que a pessoa que gosta de nós seja capaz de escutar com atenção e de mostrar genuína curiosidade colocando perguntas que lhe permitam compreender-nos.
Da próxima vez que a pessoa de quem gosta quiser desabafar, não tenha pressa em responder. Preste atenção e coloque todas as perguntas que lhe permitam sentir-se mais seguro(a) de que esteja a compreender o que o seu companheiro está a sentir.
#4: APOIAR OS SONHOS DA PESSOA AMADA E INCENTIVÁ-LA A LUTAR POR ELES
Parece óbvio e fácil. Quando gostamos de alguém, queremos que essa pessoa seja feliz, pelo que é evidente que torcemos para que vá em busca dos seus sonhos. Mas na vida real há filhos, o tempo e o dinheiro não esticam e ao fim de alguns anos de relação alguns sonhos facilmente atingem a categoria de desinteressantes ou de pouco importantes.
Então, olhamos para a pessoa que escolhemos e sentimo-nos mesmo felizes por tê-la ao nosso lado.
Pelo contrário, quando aquilo de que gostamos é constantemente alvo de críticas, é mais provável que nos sintamos desanimados.
Pense naquilo que pode fazer para ajudar o seu companheiro a ser (ainda) mais feliz. Que esforços ou cedências pode fazer para que ele(a) possa lutar pelos seus sonhos?
#5: OLHAR PARA OS PROBLEMAS DA OUTRA PESSOA COMO DIFICULDADES QUE PRECISAM DE SER RESOLVIDAS A DOIS
Há tempos uma senhora contou-me que o seu casamento tinha sofrido um grande impacto com o despedimento do marido. Dizia «Desde que ELE está com este problema que as coisas mudaram. Eu percebo que se sinta preocupado mas estou sempre a dizer-lhe que acredito que [ELE] vá ser capaz de voltar ao mercado de trabalho». Não reparou naquilo que provavelmente não estava a ser capaz de dar ao marido: a segurança de que aquele não era só um problema «dele», era um problema do casal.
Muitas vezes, numa situação de desemprego, a pessoa acha que está a envolver-se o suficiente ao assegurar a maior parte das despesas familiares. Mas aquilo que importa é dizer «Isto é um problema NOSSO» e perguntar «Como é que NÓS vamos lidar com esta situação?».
É evidente que há passos que têm de ser dados pela pessoa que está a viver o obstáculo. Há responsabilidades que são só suas. Mas, tal como acontece em qualquer EQUIPA, é essencial que as estratégias sejam conversadas e que as decisões digam respeito aos dois.
A pessoa de quem gostamos não precisa que sejamos a sua muleta. Precisa, isso sim, de sentir que não está sozinha perante as adversidades.
Quando assumimos os problemas da pessoa que está ao nosso lado como problemas que também são nossos, não passamos por cima dos seus sentimentos nem a substituímos na assunção das suas responsabilidades. Envolvemo-nos, fazemos parte da estratégia, estamos “lá” e sentimo-nos parte da vitória quando ela acontece.