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28.5.18

O QUE FAZER PARA UMA RELAÇÃO DAR CERTO

Todos os dias nos damos conta de que o amor, por mais intenso que seja, pode não ser suficiente para que uma relação dê certo. Pelo meu gabinete passam frequentemente pessoas cuja relação terminou apesar de, teoricamente, ter os “ingredientes” certos. E há muitos casais com quem tenho trabalhado – e que se sentem em crise – que são vistos por familiares e amigos como casais-modelo. O que é que caracteriza uma relação feliz e sólida? O que é que nos torna mais fortes do ponto de vista conjugal e menos suscetíveis a uma rutura?


Desde que escrevi “OS 25 HÁBITOS DOS CASAIS FELIZES”, pedem-me muitas vezes para resumir o conteúdo e identificar as escolhas mais importantes, aquelas que podem mesmo fazer a diferença entre uma relação feliz e uma relação em risco. Eu arrisco dizer que estes pedidos tanto podem traduzir a genuína vontade de perceber o que é que cada um pode fazer para que uma relação continue a ser uma fonte de felicidade para ambos como podem implicar a vontade de reduzir o trabalho ao mínimo essencial. E as relações dão (mesmo) trabalho.

É verdade que a longevidade já não é o que era e que a ideia de um casamento para a vida toda pode não servir para toda a gente. Mas a maior parte das pessoas que conheço ainda se esforçam (muito) para que as suas relações continuem a dar certo. 



Tal como escrevi há dias no Instagram, nos dias de hoje só há uma coisa que mantém uma família unida: a felicidade do casal. Se pelo menos um dos membros do casal não estiver feliz, a família passa a estar em risco de rutura. E isso é sempre gerador de sofrimento.

Algumas pessoas casam – ou vivem juntas – e esquecem-se da importância de continuar alimentar a relação. Sentem-se felizes com a escolha que fizeram e sentem-se confiantes de que a pessoa que está ao seu lado não irá a lado nenhum. A verdade é que a maior parte das pessoas que se comprometem têm a intenção de continuar naquela relação mas à medida que o tempo passa, à medida que as rotinas se instalam e à medida que a vida de todos os dias se parece cada vez menos com aquilo que idealizaram, pode tornar-se mais difícil acreditar que seja para sempre.

O DIÁLOGO É SEMPRE IMPORTANTE.


Mesmo que os membros do casal estejam em “comprimentos de onda” diferentes, quando um se queixa e o outro presta atenção, torna-se mais fácil identificar as mudanças que é preciso implementar para resgatar o entusiasmo em falta. Pelo contrário, quando uma pessoa se queixa e a outra desvaloriza os apelos, confiante de que tem tudo o que a outra pessoa precisa para ser feliz, a probabilidade de haver sarilhos é muito maior.



Se eu tivesse de identificar aquilo que,de uma maneira geral,caracteriza uma relação feliz e duradoura,identificaria: 


ADMIRAÇÃO


Não é só uma questão de respeito. É mesmo uma questão de sermos capazes de (continuar a) apreciar as qualidades da pessoa que está ao nosso lado, valorizando-as na medida certa em vez de as tomarmos como garantidas. Quando mantemos uma postura de genuína curiosidade em relação à pessoa que está ao nosso lado, damo-nos conta de que há sempre algo para descobrir, há sempre mais exemplos da sua inteligência, da sua bondade, do seu altruísmo ou de outra característica qualquer. Os defeitos também hão de dar a cara mas teremos sempre a oportunidade de escolher entre focarmo-nos no que há de positivo ou focarmo-nos no que há de negativo.

CONFIANÇA


Por mais apaixonados que estejamos, não há verdadeira felicidade nem vontade de continuar ao lado de uma pessoa se não tivermos a certeza de que ela se preocupa connosco e se esforça por nos proteger. Não é só uma questão de fidelidade- embora também seja. É sobretudo uma questão de valorizar genuinamente os sentimentos da pessoa amada e fazer escolhas – a dois – que respeitem as necessidades afetivas de cada um. É um conjunto de escolhas que trazem a sensação de que, haja o que houver, a relação é um porto seguro.

PARTILHA


O dia-a-dia de uma família – com ou sem filhos – pode ser uma verdadeira confusão. E é importante viver com a certeza de que há alguém com quem possamos partilhar essas responsabilidades. Uma das queixas que oiço com mais frequência das mulheres com quem trabalho é a de que se sentem imensamente sós por não terem ao seu lado alguém com quem possam desabafar, alguém com quem possam estabelecer uma ligação emocional. Se a isso aliarmos a correria, os afazeres e a acumulação de papéis, é fácil perceber a distância que existe nalguns casamentos.

REPARAÇÃO


Saber pedir desculpa e saber aceitar um pedido de desculpas são das competências mais valiosas numa relação. Todas as famílias têm problemas sérios, todos os casais atravessam períodos de alguma desconexão. Às vezes é o cansaço, a falta de dinheiro, o malabarismo de ter de cuidar da casa, dos filhos, do emprego, dos pais, dos gatos e dos amigos. Outras vezes é só a vida a acontecer e as imperfeições de cada um a aparecer. As discussões fazem parte de uma relação normal. Mas é essencial que cada um faça o que estiver ao seu alcance para retomar rapidamente a normalidade, o toque, o afeto. Isso implica esquecer que se tem razão e fazer alguma tentativa de reparação.



SONHO


Ficarmos (mesmo) contentes com tudo o que de positivo aconteça na vida da pessoa de quem gostamos parece coisa fácil. Mas os sonhos e as ambições da pessoa que amamos nem sempre se alinham com as nossas próprias vontades e às vezes até podem fazer com que nos sintamos ameaçados ou vulneráveis. Por outro lado, cada um de nós muda (muito) com o tempo e às vezes somos surpreendidos com mudanças na vida da outra pessoa que são mais difíceis de gerir. Os casais mais felizes são aqueles em que cada pessoa tem a liberdade para continuar a dar voz aos seus sonhos.

TOQUE


A frequência dos gestos de afeto é, provavelmente, o sinal mais claro do amor que une duas pessoas – tanto que os casais apaixonados podem ser vistos como “chatos” por quem está à sua volta. Pelo contrário, a inexistência (ou a diminuição significativa) de gestos de afeto é um dos sinais mais claros de que uma relação pode estar em risco.



À medida que os gestos de afeto diminuem, sentimo-nos muito menos motivados para fazer o que quer que seja em nome da relação. Sentimo-nos menos capazes de responder aos apelos da pessoa que está ao nosso lado, com menos vontade de dar importância aos seus sentimentos.

O toque é o sinal mais claro de que estamos ligados a alguém e quando ele existe apesar das discussões e dos momentos de desconexão, sentimo-nos amados, seguros e motivados.
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