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23.10.18

DAR ESPAÇO NUMA RELAÇÃO

Dar espaço numa relação

Quando a pessoa que amamos diz que precisa de espaço, o que é que isso significa? Será que quer dizer que a relação está à beira do fim? Ou será uma oportunidade para que ambos se sintam mais felizes, mais vivos e também mais ligados?





Para a maior parte das pessoas, uma relação de compromisso feliz é uma conjugação de segurança e de aventura. De previsibilidade e de novidade. De proteção e de liberdade. Mas para alguns de nós a necessidade de segurança e de previsibilidade é maior do que qualquer vontade de que haja mistério ou tempo a sós. Quanto maior for o caos em que crescemos, maior é a probabilidade de precisarmos de relações estáveis, em que nos sintamos permanentemente amparados, seguros. Mas quanto mais segura for a nossa relação com a família de origem, quanto maior for a liberdade com que crescemos, maior é a probabilidade de, em adultos, precisarmos de algum mistério nas nossas relações amorosas.

Quando uma pessoa mais ansiosa se compromete com alguém seguro e com a tal necessidade de inovação, liberdade e tempo a sós, a ansiedade cresce. E às vezes cresce tanto que a pessoa que precisa de espaço chega a sentir-se asfixiada.



Tanto que, para algumas pessoas, o desejo começa a diminuir em função desta proximidade “excessiva”.

O QUE FAZER QUANDO A PESSOA QUE AMAMOS DIZ QUE PRECISA DE ESPAÇO?


Independentemente das características de personalidade de cada um, é fundamental que aprendamos a reconhecer e a dar valor aos nossos sentimentos e às nossas necessidades afetivas. Isso não significa que valha tudo ou que seja razoável que um dos membros do casal imponha as suas escolhas ao outro. Aquilo que importa é que as necessidades sejam reconhecidas e que, a dois, haja a negociação que permita que ambos se sintam felizes. Às vezes fixamo-nos em determinados desejos e esquecemo-nos de que há outras formas de preenchermos a mesma necessidade afetiva.

Para que a nossa relação continue a ser uma fonte de satisfação, de alegria e de vivacidade, tanto quanto de segurança e amparo, é fundamental:

Ter os próprios amigos.

Não há nada de errado nas saídas a dois com amigos. É saudável que haja pessoas de quem gostamos e com quem possamos sair enquanto casal. Mas é igualmente importante que cada um tenha a oportunidade de sair sozinho, com outras pessoas. Isso não significa que a ligação esteja a perder-se. Pelo contrário, pode ser uma oportunidade para que ambos se sintam mais felizes e, em função disso, mais ligados também.

Cultivar os próprios interesses.

À medida que a relação se vai consolidando, vamo-nos dando conta de que a pessoa que está ao nosso lado não é exatamente a nossa alma gémea. Não gosta de tudo aquilo de que nós gostamos, não se interessa por todas as conversas a que achamos graça. E está tudo bem. Pelo menos, se cada um continuar a cultivar os seus interesses.

Ouvir o companheiro como uma pessoa independente.

Nós achamos muitas vezes que conhecemos muito bem a pessoa que está ao nosso lado. E isso pode ser verdade. Mas não deve impedir-nos de cultivar uma postura de curiosidade genuína, de querer saber. Quando damos a outra pessoa como adquirida e deixamos de prestar atenção, deixamos de fazer perguntas, deixamos de reparar naquilo que vai mudando (e que nem sempre nos agrada), abrimos espaço para que ele/ ela se sinta menos feliz. 

Continuar a surpreender.

É demasiado fácil sermos engolidos pelas rotinas e pela monotonia. É estupidamente fácil deixarmos de associar a nossa relação à alegria e ao entusiasmo que a caracterizava no início. Mas a segurança e a solidez que uma relação nos traz não tem de ser impeditiva de que continuemos a sentir-nos vivos. Prestar atenção aos detalhes e darmos o nosso melhor para surpreender de vez em quando a pessoa que amamos é meio caminho para que a relação continue viva.

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